Investimento imobiliário pode disparar 40% em 2022 e comércio de rua poderá seguir essa tendência

23/02/2022
Investimento imobiliário pode disparar 40% em 2022 e comércio de rua poderá seguir essa tendência

O investimento imobiliário comercial deverá crescer 30% a 40% em 2022 face ao ano passado, registam os analistas nas suas projeções, podendo atingir o patamar dos 3.750 milhões de euros. A CBRE Portugal, por exemplo, admite que um volume médio anual em torno dos 3 mil milhões de euros pode vir a ser o novo normal neste setor em Portugal.

Quanto aos setores que mais irão contribuir para esta performance, espera-se dinamismo nos segmentos de escritórios e hotéis mas também na logística e retalho.

As consultoras admitem que o mercado entrou em 2022 com algum grau de otimismo e que estamos a viver uma era entusiasmante no setor imobiliário com algumas tendências a destacarem-se, como por exemplo o facto de todos os edifícios e espaços de trabalho passarem a ser assumidamente um fator-chave nas estratégias de captação e adaptação de talento.

A experiência do utilizador passou também a estar no centro das estratégias em todos os setores imobiliários, e já não algo exclusivo ao setor do retalho, como antes.

O comportamento do setor do retalho é justificado pelos analistas pelo facto de, fruto de todo um contexto de pandemia, os hábitos de recorrer ao comércio de proximidade se ter interiorizado nos consumidores, uma tendência que se deverá manter mesmo após o levantamento das restrições.

Vendas do retalho sobem 6,3% em dezembro

A ajudar a esta tendência, segundo os últimos dados disponíveis, o volume de vendas do comércio a retalho em Portugal subiu 6,3% no mês de dezembro, face a igual mês de 2020, numa descida de 2,3% face a novembro, mostram os últimos números da Eurostat.

No mesmo mês, o volume de vendas subiu 2% na zona euro e 2,6% na União Europeia. As maiores subidas homólogas registaram-se na Eslovénia (44,1%), Lituânia (16,2%) e Estónia (12,6%), enquanto as descidas mais fortes registaram-se na Irlanda (-3,2%), Espanha e Finlândia (ambas -3%).

Na variação em cadeia, as vendas desceram 3% na zona euro e 2,8% na União Europeia. Face a novembro, as maiores descidas registaram-se nos Países Baixos (-9,2%), em Espanha (-5,7%) e na Alemanha (-5,5%). Letónia (7,2%), Eslovénia (2,1%), Bulgária e Hungria (1% para ambos) destacaram-se com as maiores subidas.

No acumulado do ano de 2021, as vendas do retalho subiram 5% na zona euro e 5,5% na União Europeia, face a 2020.

Mais e melhores negócios de proximidade

Rui Felgueiras, do Millennium bcp, destacou ao Público Imobiliário que empresários e clientes perceberam a necessidade de existirem mais e melhores negócios de proximidade, que tratam as pessoas de uma forma mais calorosa, que conhecem os seus hábitos e que vão ao encontro dos desejos e das exigências dos consumidores, de uma forma mais natural, eficiente e até inovadora. Já Ramiro Gomes salienta que “esta é uma realidade que se manterá nos próximos tempos, ou melhor, no meu entender o comércio de proximidade terá, inclusive, tendência para aumentar nos próximos anos”.

O Millennium bcp tem disponível no mercado, um pouco por todo o país, um conjunto de ativos precisamente neste segmento, ativos esses que Rui Felgueiras destaca por beneficiarem de uma centralidade, “mas também de uma polivalência potencial que, em conjunto lhes confere atratividade única”.

Quanto à capacidade de o mercado absorver os ativos, Carlos Nunes enfatiza que estas tipologias de imóveis não permanecem disponíveis para venda por muito tempo. “Estamos convictos de que os investidores imobiliários, sendo habitualmente perspicazes e dinâmicos, por certo não irão deixar passar estas oportunidades, já que no âmbito da disponibilidade de imóveis comerciais não temos qualquer dúvida em afirmar que têm uma localização prime”.

Compradores e finalidades distintas

Carlos Nunes explicou que o Millennium bcp é contactado por diferentes tipos de investidores ou compradores, motivados também por finalidades distintas. “Tanto podem ser empresários que já têm os seus negócios na zona ou na região e que, numa perspetiva de expansão, identificam as nossas lojas como espaços de excelência para expandir ou deslocalizar as suas atividades”. Como também podem ser investidores que procuram, essencialmente imóveis para rendimento e, neste caso, fatores como boa localização, são determinantes.

Já Ramiro Gomes explana que, em geral, os interessados são compradores ou investidores nacionais que pretendem aumentar, ou diminuir também, a sua capacidade instalada, mudando de localidade, ou acrescentar postos de venda à estrutura existente.