O investimento em imobiliário de rendimento em Portugal atingiu os 1.028 milhões de euros entre janeiro e abril deste ano, nas contas da Iberian Property.
Só no primeiro trimestre deste ano, o valor do investimento imobiliário comercial somou cerca de 693 milhões de euros, quase o triplo do registado em igual período do ano passado (234 milhões de euros), e o 1º trimestre com maior volume de investimento dos últimos sete anos, com exceção de 2020.
Segundo o relatório “Market Dynamics” da JLL, o retalho destacou-se como o principal motor do mercado, concentrando 57% do capital investido. Em paralelo, os investidores nacionais reforçaram a sua presença, sendo responsáveis por 40% do total transacionado, um registo bastante mais expressivo do que o habitual padrão de cerca de 20%.
Andreia Almeida, Head of Research da JLL Portugal, referiu que “o impulso no investimento imobiliário é uma excelente notícia para o mercado e o país, confirmando que Portugal se mantém no radar do capital internacional, enquanto regista uma dinâmica especial por parte dos investidores domésticos. Excetuando o 1º trimestre de 2020, em que a atividade dos primeiros 3 meses atingiu uns excecionais €1.454 milhões, é preciso recuar a 2018 para encontrar um início de ano mais robusto, o que abre boas perspetivas para o restante do ano”.
A responsável acrescenta que “o mercado de investimento beneficiou da melhoria das condições macroeconómicas e prudenciais globais, associadas ao bom desempenho da economia portuguesa, com um crescimento do PIB acima da média da zona Euro e um baixo nível de desemprego. Outros fatores de atratividade são os bons indicadores operacionais do setor, com baixas taxas de desocupação e tendência de crescimento das rendas. Isto significa também que, para já, o impacto das incertezas geopolíticas internacionais e a instabilidade política no país, com a realização de eleições, foi relativamente contido em termos do mercado imobiliário”.
A ocupação de escritórios esteve sob forte pressão nos primeiros quatro meses do ano, caindo 45% em Lisboa (para apenas 54.000 m²) e 80% no Porto (para meros 4.500 m²). Em termos ocupacionais, o imobiliário industrial foi outro segmento também pressionado neste trimestre, registando uma quebra de 48% para 84.000 m² ocupados. Neste caso, contudo, trata-se de um resultado limitado apenas pela falta de oferta disponível, refere a consultora.
Os mercados de retalho e hotelaria sustentam níveis robustos de desempenho, o que explica também a preferência dos investidores por tais classes de ativos, as quais, em conjunto, agregaram 80% do volume de investimento captado no período em análise. Em termos operacionais, o retalho mantém uma boa dinâmica de abertura de lojas, especialmente no comércio de rua, com um nível máximo de rendas a ser atingido em Lisboa, nomeadamente de 145 euros/m²/mês no Chiado. Na hotelaria, o número de hóspedes aumentou 3% e as diárias médias cerca de 4%, o que resultou num aumento da ordem dos 5% nos proveitos totais e de 4% no RevPAR, que atingiu 45 euros.
A Iberian Property recorda que foram investidos no imobiliário comercial português 24.600 milhões de euros entre os anos de 2015 e 2024. 2022 foi o ano mais forte, atraindo um investimento de 3.431 milhões de euros. Em 2024, foram investidos, 2.297 milhões de euros, resultado de 83 negócios.