Ter mais conforto em casa pode começar com a substituição de janelas antigas por janelas eficientes. Esta questão é particularmente notória do ponto de vista térmico nesta estação mais fria que se aproxima, mas as melhorias são também evidentes ao nível da acústica ou da segurança, e em qualquer época do ano.
Em entrevista ao Público Imobiliário, João Ferreira Gomes, presidente da ANFAJE, afirma que “ao substituir as janelas antigas por novas janelas eficientes estamos a melhorar várias coisas, a começar pelo nosso conforto térmico, o que permite reduzir a fatura da energia de aquecimento e arrefecimento. Mas também melhoramos as condições ao nível do isolamento acústico e da segurança. Uma casa mal isolada já fica bastante mais confortável só pela substituição de janelas”.
A colocação de janelas eficientes pode evitar a instalação de aparelhos como ar condicionado ou aquecedores, “que têm sempre necessidades de manutenção e custos energéticos associados. O investimento inicial das janelas vai sendo amortizado ao longo dos anos, mas o que é certo é que o conforto se sente desde o primeiro dia. Por isso, eu diria que as janelas podem mudar a vida das pessoas”.
Quem pretende fazer este tipo de melhoria na sua habitação deve ter em conta o tipo de edifício, onde este se localiza, a orientação solar e a sua utilização, e João Ferreira Gomes afirma que “é fundamental pedir conselho a profissionais do setor das janelas eficientes. É preciso verificar o tipo de caixilharia que se vai instalar, que deve ter uma transmissão térmica reduzida. Para isso, é necessário escolher a instalação de janelas de Alumínio com corte térmica, madeira ou PVC”.
Tudo isto conjugado com um vidro eficiente, “que permita aproveitar ao máximo os ganhos térmicos dos raios solares, no inverno, enquanto evitam as perdas térmicas do aquecimento”. No que respeita ao tipo de abertura, as janelas devem ser, preferencialmente, de batente ou oscilo-batente já que garantem melhor desempenho acústico, estanquidade e impermeabilidade ao ar”.
João Ferreira Gomes lembra ainda que a instalação de uma janela eficiente é sempre uma oportunidade de melhoria da segurança antirroubo. “Se as janelas ou portas tiverem ferragens de segurança ou vidros eficientes, o ladrão vai levar mais tempo a entrar, e pode até escolher outro alvo. Para isso, deve escolher-se vidro laminado de segurança, já que também evita danos relativos a quebras acidentais”.

Janelas eficientes também podem ser inteligentes
Atualmente, as janelas eficientes podem também ser inteligentes, se estiverem dotadas de componentes que possam ser ligados a sistemas de domótica da habitação. João Ferreira Gomes exemplifica que “com um smartphone, posso estar no trabalho e consigo abrir ou fechar as janelas da minha casa, receber alertas e verificar ou acionar sistemas de alarme”.
Tudo isto já é possível, e estas soluções começam a ser mais usadas, mas “ainda é muito residual, são produtos que começam a penetrar no mercado a pouco e pouco”. Segundo a ANFAJE, são os clientes finais que mais interesse têm nestas soluções. “Os promotores imobiliários ainda não adotam tanto este tipo de tecnologia, por vezes focam-se mais noutras componentes nos seus projetos e encaram este tema como um custo, mas começam a perceber que a domótica pode acrescentar valor aos seus empreendimentos. Os projetistas têm aqui um papel ativo, devem começar a incorporar estes sistemas nos seus projetos”.
Governo tem de ser mais ambicioso nos programas públicos
A ANFAJE acredita que o Governo deveria ser mais ambicioso na criação de programas públicos que apoiem as famílias na melhoria das condições das suas casas, nomeadamente através da instalação de janelas eficientes, pelo grande impacto que têm nos edifícios, no conforto e nos consumos energéticos. No entanto, apenas o programa E-Lar está em vigor, com novas candidaturas abertas em dezembro, que apoia apenas a troca de eletrodomésticos a combustão por aparelhos elétricos, não incluindo qualquer tipo de obra.
“Infelizmente, estamos a dar apoios públicos para soluções que não acrescentam nada nem ao conforto, nem ao combate à pobreza energética. Do nosso ponto de vista, o programa E-Lar é um disparate. Um programa de curto prazo com resultados duvidosos, que contribui para o aumento na importação de produtos que são produzidos fora de Portugal, não acrescentando nada à economia portuguesa. Por isso a nossa posição é bastante crítica”. João Ferreira Gomes acredita que “as pequenas e médias empresas locais deveriam continuar a ser dinamizadas, tal como foram na implementação do Programa de Apoio a Edifícios Mais Sustentáveis (PAE+S), que teve muito sucesso, com milhares e milhares de candidaturas recebidas”.
Por outro lado, a ANFAJE lamenta que, neste momento, “não existam programas que possam abranger a classe média mas apenas as famílias denominadas de ‘vulneráveis’. Mas a verdade é que esta vulnerabilidade [da pobreza energética] abrange quase todos os portugueses, e não há nenhum programa que possa apoiar na realização de pequenas obras de melhoria do conforto das suas habitações. É uma pena, tendo em conta que temos uma série de objetivos da União Europeia para cumprir, no que diz respeito à melhoria da eficiência energética dos edifícios e à descarbonização. Além disso, sabemos também que quanto mais confortáveis forem as habitações, menores serão as despesas com os serviços de saúde”.
João Ferreira Gomes completa que “temos esperança de que o Governo tenha mais ambição no próximo ano e lance novas medidas e um programa que possa dar continuidade ao PAE+S, eliminando as burocracias desnecessárias mas servindo a grande maioria das famílias portuguesas”.
“Vamos continuar a defender o nosso setor”
Perspetivando o próximo ano da ANFAJE, João Ferreira Gomes garantiu que “em 2026 vamos continuar a trabalhar para defender o nosso setor, que cria milhares de postos de trabalho e contribui para a dinamização da economia portuguesa, com uma produção incorporada acima de 70% em Portugal”.
“Queremos continuar a contribuir para que as casas dos portugueses sejam mais confortáveis e eficientes, apoiando a inovação das empresas portuguesas, para que possam disponibilizar produtos cada vez mais eficientes, sustentáveis e inteligentes”, conclui.


