A visão de Carlos Moedas para Lisboa passa por “criar conteúdo para a cidade”, porque “é esse conteúdo que diferencia as cidades e atrai o investimento, além de criar um turismo equilibrado”, disse o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Na sua perspetiva, a cidade tem passos muito importantes a dar nesse sentido, pois “não investiu no seu conteúdo, naquilo que trazemos aos residentes, aos turistas e aos investidores”. Por isso, “os nossos maiores projetos são de conteúdo”, com forte investimento na cultura e na inovação.
Na área cultural, ”precisamos de ter um bom Parque Mayer a funcionar, bem como teatros e pontos de criatividade em cada freguesia”, defende o presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Também “temos que ter um verdadeiro hub de inovação, onde se entre com uma ideia e se saia com uma verdadeira empresa”.
O autarca destaca ainda o hub do mar, uma iniciativa de “inovação para as indústrias do mar”. Outros projetos estruturantes para a criação de uma cidade com conteúdo incluem esse desenvolvimento de habitação acessível bem como, em termos de mobilidade, a chegada do Metro à zona Ocidental da cidade e o desnivelamento da linha de Cascais, este último, “um projeto que envolve um investimento pesado, mas que é essencial para a cidade”. Com este leque de projetos, “o desenvolvimento imobiliário acontecerá, o turismo acontecerá...” diz Carlos Moedas.
Agilizar os licenciamentos
Apontada como uma das questões de maior preocupação para investidores e promotores imobiliários, a longa tramitação dos processos de licenciamento urbanístico em Lisboa é também algo que está na agenda do novo executivo. Carlos Moedas garante que já estão a ser tomadas várias medidas no sentido de agilizar os processos de licenciamento. Desde logo, a criação de uma equipa dentro da Câmara que é interdepartamental. “Será o equivalente a uma comissão de concertação”, que reúne semanalmente para “evitar que informações e pareceres fiquem estagnados”. Outro passo em curso é a digitalização de todos os processos, “algo que está a ser implementado”.
Há também a criação da figura de gestor de processo: “a Câmara tem vários gestores de processo, mas vamos unificar tudo num único interlocutor, alguém que acompanha o processo na sua plenitude”, diz Carlos Moedas. “Se conseguimos, por um lado, digitalizar, por outro ter a concertação entre os serviços, e depois ter um verdadeiro gestor de processo, conseguimos mudar as coisas. E claro, trazendo mais recursos para a Câmara, porque o urbanismo precisa de mais recursos”, termina o Presidente da capital.
Presença no MIPIM
As declarações do autarca foram proferidas durante a maior feira de imobiliário do mundo, o MIPIM, realizada em Cannes, França, no início de março. A cidade esteve representada no certame com um stand próprio, sendo esta presença “muito importante para a cidade”, frisou Carlos Moedas. “É aqui que Lisboa pode mostrar o seu potencial imobiliário e também estar ao lado dos investidores portugueses” refere o autarca. O objetivo foi captar investimento para a cidade, mostrando que “Lisboa é uma cidade aberta, que agradece àqueles que aqui querem investir e que vai fazer todos os possíveis para os tratar de forma transparente. A mensagem que quisemos deixar foi – invistam em Lisboa: é uma cidade com potencial enorme para o investimento e que cuida dos seus investidores”.
Na ocasião, a autarquia apresentou três projetos integrados no programa Renda Acessível e que Carlos Moedas considera serem projetos “transformadores”, pois não só têm áreas de intervenção grandes como, e principalmente, contribuem para equilibrar a malha social da cidade. “Uma cidade precisa de investimento, mas se não tiver um tecido social equilibrado, não funciona”, defende Carlos Moedas. Lisboa “tem que aprender com outras cidades que já evoluíram mais em termos de investimento privado”.
Uma forma de equilibrar a malha social passa por criar habitação municipal, por um lado, “que é uma responsabilidade da autarquia”, mas passa também por este programa da Renda Acessível, nota o edil, que realça a importância de “termos projetos de renda acessível que também sejam atraentes para os investidores”. Só assim, estes podem “ser verdadeiros parceiros na criação deste tipo de oferta, a qual é muito importante para a cidade e ao para lisboetas”. Da parte da autarquia “queremos ter projetos de renda acessível que sejam realmente atraentes para os investidores, algo que não tem acontecido”. Por isso, estamos a tentar modificar critérios para ver como podemos atrair aqueles que querem investir na renda acessível”, garante Carlos Moedas.
Semana da RU de Lisboa estreia-se no LX Factory
Nos dias 6, 7 e 8 de abril, a IX edição da Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa decorre no edifício Fábrica XL, no Lx Factory. O Lx Factory é um espaço de inovação e criatividade na zona de Alcântara. Ocupado por empresas e profissionais da indústria, tem também sido o cenário de um diverso leque de acontecimentos culturais, nas áreas da moda, arte, arquitetura e música… e em 2022 será o palco da Semana da Reabilitação Urbana.
De 6 a 8 de abril, a Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa apresenta um ciclo de conferências participadas por cerca de 120 oradores, distribuídos por dois palcos. A programação contempla também exposições, workshops e apresentações de empresas. Uma programação muito completa e que envolverá cerca de 60 entidades.
Entre as novidades da edição deste ano da Semana da Reabilitação Urbana, inscreve-se a apresentação do Prémio Jovens Arquitectos. Uma iniciativa da Vida Imobiliária, em coorganização com os arquitetos Paulo Serôdio, Paulo Durão e Marco Roque Antunes, mentores do podcast Arquitectura Agora.
Este ano é também inaugurado um novo espaço dedicado à inovação, à sustentabilidade e ao impacto social. As soluções da digitalização aplicada ao imobiliário e à construção, os materiais inovadores e os novos talentos da arquitetura têm agora um espaço de apresentação ao público – o INOVA RE.
A Semana da Reabilitação Urbana de Lisboa conta com o superior apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, das Ordens Profissionais e principais Associações do setor da construção e do imobiliário