A Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) e a Vida Imobiliária organizaram a 26 de junho a sexta edição da Conferência da Promoção Imobiliária em Portugal – COPIP, um dia intenso de conferências no qual participaram cerca de 360 profissionais do setor imobiliário.
A habitação foi um dos temas principais desta conferência, e Patrícia Gonçalves Costa, secretária de Estado da Habitação, fez a abertura oficial do evento, defendendo que responder à crise de acesso à habitação passa por garantir parcerias entre os setores público e privado, uma estratégia sustentável e orientada para produzir em escala. “O caminho tem de ser coletivo: privado, público e cooperativo, com respeito à especificidade de cada um, de modo a fazermos uma política pública de habitação que seja perene”.
Patrícia Gonçalves Costa referiu que “o setor privado é de facto chamado com a competência que tem, com o conhecimento e com um lugar muito próximo da inovação, a ajudar a construir parte da política de habitação”. A secretária de Estado apontou a necessidade de “nos revisitarmos naquilo que são as lógicas da construção de habitação, no próprio desenho do que é habitar”, acrescentando que “a inovação e a tecnologia devem ser variáveis dessa equação, para darmos um salto qualitativo em todos os instrumentos que temos ao nosso dispor”. É necessário construir habitação para a classe média, garantir acessibilidade das rendas e viabilidade financeira dos investimentos, um equilíbrio que “tem de ser garantido por uma resposta coletiva”. A governante garantiu o lançamento de parcerias público-privadas para criação de habitação acessível, num total de 6.800 casas, consciente de que, mesmo assim, “não resolvemos o problema que temos em mãos”. Defende a criação de “uma estrutura financeiramente sustentável” que permita continuar a dar resposta. “Além das PPPs, é necessário criar condições para que haja investimento privado exclusivamente dedicado ao ‘affordable housing’”. Reconhecendo a instabilidade global, deixou claro na sua intervenção que é este o momento de “estruturar uma política pública para os próximos 20 anos”.

Na ocasião, Hugo Santos Ferreira, presidente da APPII, destacou a função social do imobiliário: “somos nós que construímos as cidades, as casas onde vivemos, os escritórios onde trabalhamos. Este setor é uma alavanca social, e por detrás de cada projeto há muito mais do que betão. O que fazemos é essencial para o bem comum, e passa por dar resposta a uma habitação digna para todos. Juntos, temos o dever e a capacidade de transformar Portugal num exemplo. A resposta à crise da habitação exige uma visão de longo prazo. Vale a pena construir não só edifícios, mas o futuro”.
O contexto macroeconómico e geopolítico e o seu impacto no setor foram o principal mote da conferência este ano. Num mundo em “estado de guerra”, os especialistas concordam que esta não chegará a vias de facto, pois as grandes potências mundiais não têm capacidade para tal. Mas esta parece ser uma década para estabelecer novos equilíbrios, e o maior desafio da Europa parece ser assegurar a dissuasão nuclear. Há uma crescente polarização, mais necessidade de cooperação, e novas tecnologias que alteram as cidades, mas o grande risco é o da inação pela incerteza. Os investidores imobiliários terão de aprender a “navegar” com outras variáveis, e com confiança.
