“Mais Habitação” vai levar a redução da oferta e aumento dos preços

26/04/2023
“Mais Habitação” vai levar a redução da oferta e aumento dos preços
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A esmagadora maioria dos promotores imobiliários antecipam que o pacote “Mais Habitação” vai ter efeitos negativos no mercado residencial português, trazendo perda de confiança dos investidores neste mercado, impactando a redução da oferta e dando continuidade à rota de subida dos preços.

É o que mostra o mais recente inquérito Portuguese Investment Property Survey, conduzido pela Confidencial Imobiliário e pela APPII, que revela que 91% dos promotores inquiridos sustenta esta posição.

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, comenta os resultados, afirmando que “inquiridos sobre o impacto do programa nas principais dimensões da sua atividade, os promotores imobiliários fazem uma avaliação negativa em todos os parâmetros. Revelam mesmo que, em muitos parâmetros, o programa parece até produzir efeitos inversos aos pretendidos”.

Explica que “dos fatores considerados para o índice de impacto, a confiança dos investidores, a oferta para venda e o comportamento dos preços são os mais negativamente afetados, com os resultados a traduzirem uma leitura bastante linear: o programa irá afetar a confiança dos investidores, provocando uma quebra na oferta, da qual decorrerá um estímulo ao aumento dos preços”.

Os inquiridos consideram que apenas as medidas de simplificação dos processos de licenciamento são positivas, mas apenas de forma marginal, pois quase metade dos inquiridos não acreditam que tenham os resultados pretendidos. Uma perceção que é também evidente no que diz respeito aos obstáculos à atividade da promoção imobiliária: os inquiridos apontam o tempo de licenciamento e a burocracia como os principais obstáculos à sua atividade, sendo que o segundo fator de maior preocupação passou agora a ser a instabilidade fiscal e legislativa, em reflexo do impacto do novo programa do Governo.

Com o anúncio do “Mais Habitação”, fica também agravada a falta de atratividade da promoção para arrendamento (build-to-rent). Nesta edição do inquérito da Ci, é atingido o nível mais baixo de sempre, e só 12% dos operadores considera este mercado atrativo, face aos 40% do trimestre anterior. 32% consideram o segmento totalmente inviável, face aos 14% do inquérito anterior.

O sentimento de mercado é semelhante ao do final de 2022, mas um pouco menos negativo do que nessa altura. Os promotores reportam e esperam para os próximos três meses uma redução do número de vendas e uma suavização da subida ou mesmo estabilização dos preços da habitação.