Matosinhos quer avançar com programa de renda acessível

05/06/2020
Matosinhos quer avançar com programa de renda acessível

Falando durante o webinar “Desafios da Habitação Pós-Pandemia”, organizado pela MatosinhosHabit em parceria com a CMM, a edil Luísa Salgueiro avançou a intenção da autarquia de comparticipar a adaptação de alojamento local e habitação privada para colocação no mercado de arrendamento acessível, respondendo às dificuldades existentes na habitação.

A autarca garantiu que "a habitação é uma prioridade em Matosinhos", e deu a conhecer várias medidas que estão a ser adotadas pela autarquia para minimizar o impacto da crise da pandemia. Anunciou que a CMM e a MatosinhosHabit estão a investir um total de 16 milhões de euros no parque habitacional do concelho. Neste webinar participaram também Palmira Macedo, presidente da Assembleia Municipal de Matosinhos, a arquiteta Helena Roseta e Luís Lima, presidente da APEMIP. As autarquias de Lisboa e do Porto já arrancaram com programas próprios de arrendamento acessível, nomeadamente com incentivo à colocação de fogos de alojamento local no mercado de arrendamento de longa duração, tendo as autarquias como intermediário entre proprietários e inquilinos.

Lisboa recebe 26 candidaturas na primeira semana

Recém-criado pela Câmara Municipal de Lisboa, o Programa Renda Segura recebeu um total de 26 candidaturas na primeira semana de vigência. As avaliações técnicas já arrancaram. O programa pretende subarrendar fogos de privados no mercado do arrendamento acessível, incluindo alojamento local, que sofre agora os efeitos da quebra da procura turística.

Além da isenção de IRS, IRC e IMI e de uma renda mensal assegurada durante pelo menos três anos, a autarquia acena também aos proprietários com a possibilidade de um adiantamento de três anos no valor da renda correspondente à totalidade do contrato que, neste último caso, terá uma duração de seis anos. Findo o contrato, a CML compromete-se a devolver o imóvel em condições equivalentes às verificadas no momento da celebração.

De acordo com o Público, no dia em que o site do programa ficou disponível, a 18 de maio, foram 36 os proprietários que se inscreveram, e 26 formalizaram candidaturas. Destas, 7 são relativas a alojamentos locais. Os imóveis situam-se em zonas tão diversas como Benfica, Olivais, Alcântara, São Vicente ou Ajuda.

No âmbito do programa Renda Segura, estão definidos tetos de referência: 450 euros mensais para um T0, 600 para um T1, 800 para um T2, 900 para um T3 e 1.000 euros para um T4. Os valores variarão, contudo, de acordo com a localização dos imóveis.

Segundo o mesmo jornal, a avaliação técnica dos fogos arrancou na última sexta-feira e vai decorrer ao longo das próximas semanas, conforme o fluxo de candidaturas.

A CML prevê que os primeiros fogos possam integrar o próximo sorteio de Renda Acessível, a lançar nas próximas semanas. Para já, as candidaturas estão abertas para uma bolsa de 300 fogos, com novo período a iniciar em setembro.

Com este programa, a Câmara de Lisboa espera captar cerca de 1.000 fogos ainda em 2020, num investimento global que pode chegar aos 15 milhões de euros.

As zonas mais apelativas para o arrendamento

Entretanto, o centro de Lisboa e a zona do rio e Foz, no Porto, foram consideradas as zonas mais apelativas para investir no mercado de arrendamento urbano, conclui o mais recente estudo da JLL. Este novo relatório, “Investir no Mercado de Arrendamento”, foi esta semana lançado e analisa a competitividade do imobiliário face a outras classes de ativos, e do arrendamento residencial em particular. "Este estudo pretende ser um guia para quem olha para o imobiliário residencial como forma de aforro numa perspetiva de médio e longo-prazo", comenta Maria Empis, Head of Strategic Solutions da JLL.

Em Lisboa, a zona central da cidade, que abrange as freguesias da Estrela, Campo de Ourique, Campolide, Avenidas Novas, Alvalade, Areeiro e Arroios, é a mais apelativa para os proprietários que querem investir neste mercado. A área destaca-se pela relação entre a população existente (30%), o rendimento mensal, situado nos 3.450 euros por família, e o potencial retorno gerado pelos ativos nesta zona, de 3,17%.

Na capital, as casas são arrendadas em média em menos de 3 meses, com rentabilidades acima de 3% na maior parte do território. Os valores por metro quadrado oscilam entre os 13 euros na zona Norte e os 18,5 euros do Centro Prime. Da oferta residencial existente, 19% está no mercado de arrendamento.

Já no Porto, a rendabilidade média é superior, normalmente acima dos 4% na generalidade do território. As zonas do eixo da Marginal, de rio e mar, como Lordelo do Ouro, Massarelos, Foz, Nevogilde e mesmo Matosinhos, são as mais apelativas para este tipo de arrendamento, segundo a JLL, com as rendas prime mais elevadas da cidade. É aqui que as famílias têm também rendimentos superiores.

O ritmo de absorção no Porto é também inferior a 3 meses, tal como Lisboa. Na Invicta, os valores por metro quadrado rondam os 9 (Paranhos) a 12,5 euros (zona Histórica e Foz). O arrendamento representa 8% da oferta residencial existente.

"A habitação como investimento é uma tendência que vai ganhar força nos próximos anos, pois não só o imobiliário é um ativo de crescente atratividade pela boa relação retorno/risco que tem face a outras aplicações financeiras ou investimentos em bolsa, como o segmento residencial, em concreto, se tem mostrado muito resiliente, incluindo em tempos de crise", afirma em comunicado Patrícia Barão, Head of Residential da JLL.

A responsável completa ainda que "isto é especialmente relevante numa altura em que nos preparamos para começar a absorver o impacto do Covid-19. Com este estudo, concluímos que as yields do arrendamento residencial em Lisboa são quase sempre superiores a 3% e no Porto a 4%, num mercado onde a oferta é escassa e tende a ser absorvida rapidamente. Acresce que a atual oferta tem, em média, uma qualidade baixa, pelo que há espaço, e até a necessidade, de melhorar o stock quer em qualidade quer em quantidade. Em geral, é um mercado com enorme potencial de crescimento e de gerar rendimento", conclui.