Mercado imobiliário da construção abranda, mas não pára

22/04/2020
Mercado imobiliário da construção abranda, mas não pára

Os efeitos de um forte abrandamento económico despoletado pela atual crise sanitária estão já no horizonte de todos os setores. No imobiliário, o impacto já se faz sentir, apesar dos vários intervenientes admitirem que ainda é um pouco cedo para quantificar o prejuízo que resultará deste período.

As associações do setor da construção estimaram, em março, que num cenário de paragem de obras a queda do volume de negócios das empresas atingiria 1,77 mil milhões de euros, tendo por isso pedido medidas extraordinárias, como a suspensão, por dois meses, das obrigações fiscais e contributivas. Isto num cenário de paragem, algo que não está propriamente a registar-se, uma vez que esta indústria continua a laborar, obviamente com fortes condicionantes, desde logo na área da construção com a escassez da matéria-prima, e na área da promoção com o confinamento social a que a população está, ainda sujeita.

No entanto, apesar de ser visível o adiamento de alguns investimentos, o momento atual vai nivelar o mercado, sendo este arrefecimento visto pelos compradores como uma oportunidade, o que vai provocar um aceleramento no segmento dos imóveis usados. Ou seja, os analistas preveem que os particulares vão rever em baixa o preço dos seus imóveis, uma situação que se começava a verificar no ano passado, mas que vai acelerar com o problema da pandemia.

Apesar de tudo, parece consensual que o setor – a construção e o imobiliário é um setor responsável por mais de 600 mil trabalhadores – se profissionalizou e, de alguma forma, está preparado para esta crise.

Procura continua

José Calhau, da Remax Lounge, explicou ao Público Imobiliário que o mercado de Setúbal, por exemplo, é um dos que regista um abrandamento, mas não uma paragem de atividade. “Temos continuado a fazer escrituras, angariações e contratos promessa. Obviamente que de uma forma diferente, com mais cautelas, mas continuamos a fazer”. Sobretudo, salientou o profissional, continua a haver procura. “Os negócios vão-se fazendo”.

Relativamente ao preço dos imóveis, José Calhau não fala em arrefecimento, mas antes numa “correção” que tem vindo a acontecer já desde fevereiro. “Temos de ter em atenção que no último ano vínhamos de uma subida de preço mês após mês, pelo que esta situação de correção, mais tarde ou mais cedo, iria acontecer. O asking price que os proprietários colocavam nos contratos de mediação já estavam a ser corrigidos no fecho do negócio”. Apesar de tudo, José Calhau diz que Setúbal estava “na moda” – até pela pressão imobiliária a que Lisboa, a 40 quilómetros, vinha a sofrer – e vai continuar a estar após o regresso à normalidade.

Terrenos para construção em Setúbal

Com um considerável mercado de usados, mas escassez de construção nova, Setúbal tem vindo a cativar investidores não só nacionais como estrangeiros. Para o mercado de investimento, o Millennium bcp tem para venda terrenos para construção neste distrito.

Ramiro Gomes, responsável de vendas Grandes Imóveis Sul, da Direção de Crédito Especializado e Imobiliário do Millennium bcp confirma que a oferta de ativos no distrito de Setúbal tem vindo a ganhar importância, salientando que o Banco tem projetos de dimensão significativa que irão beneficiar da crescente dinâmica da indústria e serviços na região e permitir a expansão da cidade para o lado este/nascente, “situação que prevemos venha a ser desenvolvida num futuro próximo”.

Um deles é a Quinta da Amora, localizada junto ao rio Sado, ao porto da cidade e ao Parque Verde da Belavista e que beneficia de um enquadramento paisagístico com caraterísticas especiais. “Os lotes estão rodeados de espaços verdes, alguns com vista para a baía de Setúbal, estando situados numa zona de franca expansão e onde a cidade tem mais potencial de crescimento”.

Já o Vale da Rosa está estrategicamente bem localizado, perto da N10 e da radial com comércio e serviços. “É um projeto de prevê, quer a construção em altura de edifícios multifamiliares, como a construção de moradias”.

De forma global, neste distrito, Ramiro Gomes explana a disponibilidade de lotes de terreno para autoconstrução desde os 35 mil euros até aos vários milhões de euros em lotes de construção em altura. “Estamos perante clientes-alvo que começam desde o pequeno promotor local, a alguns investidores particulares com interesse em aplicar parte das suas poupanças (por exemplo nos lotes em Palmela), como também a promotores de grande dimensão, que nos casos concretos da urbanização de Vale do Cobro, Vale da Rosa e dos terrenos no Montijo, vão ter de desenvolver desde as infraestruturas à construção dos edifícios”.