Mercado imobiliário encerra 2021 com claros sinais de otimismo

15/12/2021
Mercado imobiliário encerra 2021 com claros sinais de otimismo

O segundo semestre de 2021 veio confirmar a resiliência que o setor já havia demonstrado nos primeiros seis meses do ano. Em entrevista ao Público Imobiliário, José Araújo, diretor no Millennium bcp na Área de Crédito Especializado e Imobiliário, admite que a liquidez no mercado, o crédito a custos baixos, os retornos superiores face produtos alternativos e, em Portugal, um conjunto de operadores e intervenientes muito profissionais e sérios que transmitem confiança a quem quer investir no setor foram os principais responsáveis por este comportamento positivo.

De alguma forma este segundo semestre veio confirmar a “resiliência” que o mercado imobiliário mostrou nos primeiros seis meses do ano?

Totalmente. O conjunto de propostas para grandes imóveis, recebidas e negociadas, foi claro sinal de que o mercado e os investidores estão vivos. O número de reuniões e pedidos recebidos são outro sinal da vitalidade do setor. O mercado dos mais pequenos, que nós apelidamos de retalho, tivéssemos nós mais imóveis que os colocaríamos igualmente. Continuamos, pois, otimistas de um bom fim de ano e arranque em força para 2022.

A CBRE projetou, em julho, uma segunda metade do ano bastante mais dinâmica, nomeadamente em ativos como hotéis, habitação e obviamente escritórios. Sente que a realidade do Millennium bcp foi esta ou de alguma forma diferiu?

Por Hotéis há muita procura, mas o setor está a resistir. Nos Escritórios vê-se um retorno ao mercado por parte de empresas e investidores, mas nós temos poucos em venda. Em termos do Residencial, não tem ficado em stock parado, ou seja, os que têm chegado ao Banco, são colocados de imediato, felizmente.

Realçamos também os Armazéns e Terrenos para construção, que mantêm uma procura elevada.

O que distinguiu os segundos seis meses do ano face ao primeiro semestre de 2021?

No caso do Millennium bcp, muito pouco, apenas a intensificação de reuniões e pedidos e fecho de negociações de imoveis de maior valor.

No seu entender, quais os fatores que mais contribuíram para a boa prestação deste setor?

Muita liquidez no mercado, crédito a custos baixos, retornos superiores face produtos alternativos e, em Portugal, um conjunto de operadores e intervenientes muito profissionais e sérios que transmitem confiança a quem quer investir no setor.

Qual o papel da banca, nomeadamente do Millennium bcp, na dinamização de todo este setor?

Para além de colocar produto de confiança que retorna ao mercado com toda a informação disponível, o facto de estarmos a financiar bons projetos de promoção imobiliária e o setor, quer através de leasings, quer através de crédito hipotecários, faz com que o Millennium bcp tenha um papel muito importante na dinamização do setor imobiliário em Portugal.

Notou um regresso dos investidores estrangeiros ou, de alguma forma, esses investidores nunca deixaram de olhar para Portugal como um destino dos investimentos, mesmo ainda em ambiente pandémico?

Muitos nunca saíram e mantêm-se fortes parceiros de negócio em Portugal. Mas aparecem sempre novos investidores e com algum foco, ultimamente vindos do Medio Oriente e Israel como também da Europa, como França, Alemanha, Espanha e que não querem ficar atrás de colegas seus, já que os retornos continuam maiores em Portugal do que nos seus países.

Relativamente a 2022, e tendo em conta que novas restrições têm vindo a ser impostas um pouco por toda a Europa, como prevê os primeiros três meses do próximo ano?

Como já referi, no nosso caso será, por certo no mesmo tom forte face pipeline em carteira e o setor, no seu geral, só poderá abanar-se com a Inflação (e a que nível?). Paralelamente, os bancos centrais terão de atuar de maneira diferente, diminuindo liquidez e retorno do mercado. Por cá, mesmo com as eleições de fim de janeiro, não devem mudar os pressupostos fundamentais, ganhe quem ganhar.

Acredita que vá existir algum segmento que se irá distinguir?

Mantemos o Residencial face às novas ofertas para nacionais a chegarem ao mercado, Armazéns e Terrenos. Centros Comerciais e lojas, com a pandemia mais controlada após março, irão recuperar e já se sente procura, pese ainda algo oportunista.

Na vertente da habitação, profetiza que a procura por espaços mais amplos, customizáveis e nos limítrofes das grandes cidades vão continuar a ter particular destaque?

Mais amplos não sei, pois os custos de construção e a sua implicação no preço por metro quadrado, na venda não aconselham muito a tal. Mas a tendência de procurar as novas ofertas nos limítrofes das grandes cidades vai manter-se pela certa.

Qual a estratégia do Millennium bcp para o próximo ano, nomeadamente para os primeiros três meses do ano?

Sempre nos temos vindo a adaptar ao ambiente e às condições de mercado em 10 anos de atividade desta área do Banco, e sobre uma linha comum que tem sido mantida, de transparência e seriedade em atividade não especulativa, com o devido controle das regras de Compliance, de forma rigorosa e sem facilitismo algum.

Os imoveis vão a venda com o preço que consideramos ser o justo valor para a sua condição e local de localização. Mantemos, enquanto for possível, apoio na sua aquisição com rácios de risco prudentes e adaptáveis caso a caso, face ao projeto, ao imóvel e ao cliente.

Temos uma equipa própria no terreno, a nível nacional, e que acompanha os nossos parceiros da mediação e os compradores interessados. Conjugamos, pacificamente esta atividade, e muito alavancados,t com todas as nossas redes comercias, as quais encontram alvos na nossa alargada carteira de clientes e tratam do crédito quando necessário. Esta trilogia tem sido a maior razão de o mercado reconhecer sermos dos melhores quando se trata de desinvestimento imobiliário. Claro que temos também uma forte máquina de apoio de várias outras áreas do Banco, que sem elas seria impossível obtermos, anualmente e de há 10 anos para cá, os objetivos que traçamos e que alcançamos. A todas elas estamos muito agradecidos.