Num momento em que continuam a aumentar as taxas de juro e com as Euribor a atingirem máximos históricos, com reflexo direto na compra de casa, o Millennium bcp lança um novo produto de crédito à habitação com spread zero.
No âmbito desta campanha “O Spread é por nossa conta”, não são cobrados os juros correspondentes ao spread contratado até ao final do próximo ano. Trata-se de um produto abrangente que pode ser atribuído a qualquer finalidade do crédito à habitação, seja aquisição, construção, obras ou transferência de crédito, aplicável a todas as tipologias de taxa contratadas.
Para serem elegíveis para este produto, os clientes devem ter conta à ordem associada ao empréstimo no banco, contratar crédito com vendas associadas facultativas e contratar o crédito em causa até ao final de setembro deste ano.
Tendo em conta o atual cenário de subida das taxas de juro e respetivos indexantes, o Millennium bcp também lançou recentemente duas novas soluções de taxa mista, com taxas fixas nos primeiros a 2 ou 3 anos, às quais também aplica a campanha de spread zero, que pretendem ser uma alternativa para quem procura mais estabilidade e previsibilidade nos encargos com as prestações da habitação. Assim, o Millennium bcp tem atualmente disponíveis vários prazos de fixação de taxa, nomeadamente de 2, 3, 5 e 10 anos, e ainda uma solução de taxa fixa a 30 anos.
Permite-se assim uma suavização das prestações das famílias, numa altura em que, contas feitas pelo Público, a subida da Euribor dos últimos meses está perto de fazer duplicar a prestação da casa num prazo de 18 meses. Em junho, as taxas subiram em todos os prazos, com a taxa a 12 meses (a utilizada na maior parte dos créditos com taxa variável) a subir para os 4,007%. Já a Euribor a 6 meses subiu para os 3,825%. A Euribor a 3 meses subiu para 3,536%.
Regresso a máximos de 2009
A subida de 28,8 pontos registada em maio colocou a taxa de juro implícita dos créditos à habitação nos 3,398%. Desde junho de 2009, ainda no início da última crise financeira, que não se registava um valor tão alto, segundo os números mais recentes do Instituto Nacional de Estatística.
Em resultado, a prestação média chegou aos 352 euros, mais 92 euros que em maio de 2022, o que traduz um aumento de 35,4%. Já nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 51,2% face ao mesmo mês de 2022, para 591 euros. O capital médio em dívida aumentou para 63.169 euros.
A taxa de juro implícita para o total dos contratos de crédito para aquisição de habitação subiu para 3,383% em maio (+28,5 p.b. face a abril). Nos contratos celebrados nos últimos 3 meses, a taxa de juro subiu 21,0 p.b. face ao mês anterior, fixando-se em 3,871%.
Tendo em conta a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação mensal fixou-se em 352 euros em maio, mais 92 euros que em maio de 2022 (aumento de 35,4%). Deste valor, 179 euros (51%) correspondem a pagamento de juros e 173 euros (49%) a capital amortizado.
Quanto aos contratos celebrados nos últimos 3 meses, o valor médio da prestação subiu 51,2% face ao mesmo mês do ano anterior, para 591 euros em maio.
Esta subida das taxas de juro está a ter impacto na concessão de crédito à habitação, que vinha a crescer nos últimos anos, mas que tem registado abrandamentos significativos desde agosto do ano passado, com uma variação homóloga de apenas 0,9% em maio. Para aumentar o acesso ao crédito à habitação, o Banco de Portugal já anunciou uma revisão das taxas de esforço dos particulares para aumentar o acesso ao crédito.
Ciclo de aumento das taxas de juro de referência ainda não terminou
O Banco Central Europeu decidiu aumentar novamente as taxas de juro de referência da Zona Euro em 25 pontos base em junho. A taxa de juro das principais operações de refinanciamento subiu para 4%, a taxa de facilidade de depósito para os 3,5% e a taxa de juro aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez para os 4,25%. Mas a presidente do BCE, Christine Lagarde, tem deixado claro que novos aumentos serão necessários para atingir o objetivo de inflação a 2% do regulador europeu, uma posição que tem vindo a ser criticada por vários especialistas e governantes.
No comunicado emitido a 15 desse mês, o BCE anunciou o oitavo aumento consecutivo, colocando a taxa principal nos 3,5%. Neste comunicado, destaca que “a inflação tem vindo a descer, mas as projeções indicam que permanecerá demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está empenhado em assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%”.
As projeções macroeconómicas de junho apontam que a inflação subjacente se deverá fixar, em média, nos 5,4% este ano, nos 3% em 2024, e nos 2,2% em 2025, com indicadores das pressões subjacentes sobre os preços que permanecem fortes, “embora alguns evidenciem sinais preliminares de abrandamento”. Especialistas que “reviram em alta as suas projeções para a inflação excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares, especialmente no que toca ao presente ano e ao próximo”.
O Banco Central Europeu admite que as subidas dos juros dos últimos meses “estão a repercutir-se de forma vigorosa nas condições de financiamento e estão gradualmente a ter impacto no conjunto da economia (…) A maior restritividade das condições de financiamento é uma razão importante porque se projeta que a inflação desça no sentido do objetivo, pois deverá refrear cada vez mais a procura”. Mas ainda não considera que sejam suficientes.
De recordar que as taxas de juro de referência voltaram a aumentar há cerca de um ano, a 21 de julho de 2022, com uma subida de 50 pontos base, a primeira em 11 anos. Aumentou depois novamente em setembro e outubro (75 pontos base), em dezembro, em fevereiro e em março (50 pontos base). Em maio foi a primeira vez que o aumento se fixou nos 25 pontos base.