Novo ciclo pós-pandemia desperta procura de novos investimentos imobiliários

08/09/2021
Novo ciclo pós-pandemia desperta procura de novos investimentos imobiliários

Os investidores imobiliários estão recetivos à compra de hotéis na Europa e Portugal não é obviamente exceção, Aliás, segundo a Cushman & Wakefield, apesar do impacto da pandemia no setor do turismo, só 10% colocaram os seus planos em stand-by e apenas cerca de 21% dos investidores admite reduzir o investimento no setor hoteleiro.

Os investidores parecem estar já a pensar em cenários pós-COVID19 sem restrições a viagens e com toda a indústria de lazer e hotelaria a funcionar em pleno. Entre os ativos mais atrativos estão os resorts turísticos, com os investidores a consideram-nos mais interessantes agora do que antes da pandemia.

Também os “serviced apartments” se tornaram mais apelativos, assim como os hotéis de negócios, orientados para conferências e eventos.

Herdade das Ferrarias

Neste contexto, o Millennium bcp está a comunicar a venda da Herdade das Ferrarias, um projeto turístico de grandes dimensões. O ativo situa-se na área de influência da albufeira da Barragem do Alqueva, no concelho de Mourão e distrito de Évora, a cerca de 3,1 km a norte da N256, a 6,2km a norte de Mourão e junto à fronteira com Espanha.

Na sequência da construção da Barragem do Alqueva, a área desta propriedade é regulamentada simultaneamente pelo Plano de Ordenamento das Albufeiras do Alqueva e Pedrógão (POAAP) e pelo Plano Regional de Ordenamento do Território da Zona Envolvente da Albufeira do Alqueva. O Plano de Pormenor da Herdade das Ferrarias (PP), proposto pela Câmara Municipal de Mourão, aprovado e publicado em 2010, define e identifica todas as parcelas, a sua área, a classificação dos respetivos solos e estabelece medidas que serão adotadas obrigatoriamente de modo a que a construção na envolvente da albufeira não afete o equilíbrio ecológico da região.

Este PP, segundo a CM de Mourão, não tem prazo de vigência máximo, pelo que se encontra eficaz sem termo e não se prevê, no contexto da Revisão do PDM a concluir em 2022, qualquer alteração ao regime de uso do solo para o terreno em questão.

Atualmente, a propriedade é composta por seis prédios (3 rústicos, 2 mistos e 1 urbano) e carateriza-se por uma área de prado de sequeiro e mato usado essencialmente para pastoreio. Neste terreno predomina o montado de azinho e as encostas são revestidas por estevas espontâneas. Existem aqui algumas construções dispersas que poderão ser, em grande parte recuperadas e inseridas no empreendimento turístico que venha a ser desenvolvido.

Para esta propriedade pode ser avaliado um projeto turístico de grandes dimensões, tendo por base o definido no PP e as potencialidades construtivas para essa finalidade previstas no POAAP. No total são 197,4 ha que em termos de ocupação turística pode atingir a capacidade máxima de 972 camas, com uma área de ocupação do solo de 78.960 m2 (índice de 0,04).

A área de intervenção definida pelo PP divide-se em 3 parcelas separadas pela albufeira do Alqueva e define também as regras de uso, ocupação e transformação do solo no território abrangido na perspetiva do projeto turístico global.

Parcela Norte

A Parcela Norte é destinada a uma unidade hoteleira do tipo Boutique Hotel Spa 4*, constituída por 100 unidades de alojamento (máx.), distribuídas por 3 edifícios, com uma área de construção de 12.200 m2. O edifício principal teria 60 quartos, um restaurante e um SPA. Os outros dois 2 edifícios teriam 20 quartos cada. Haveria três piscinas exteriores, uma para cada edifício e dois campos de ténis. Haveria um Centro Náutico, constituído por uma edificação recuperada com 50 m2 e uma edificação nova com 150 m2, destinadas a Equipamentos de Apoio, Balneários e Posto de Socorros, uma rampa varadouro e cais flutuante. Um centro de Produção e Formação, bem como uma Mata “Bem Estar” com a Natureza são também componentes deste parcela, para além de duas Penínsulas, a do “Bem Esta” e a do “Isolamento”.

Parcela Sul

A Parcela Sul é um Aldeamento Turístico de pelo menos 4*, constituído no mínimo por 380 unidades de alojamento, Espaços Comuns, Casas de Golfe, Zona de Equipamento e Lazer, Casas da “Albufeira”, Edificações Existentes e Ruínas e nova edificação para Casa de Chá.

Já a Parcela Golfe é uma área Desportiva e de Lazer com Golfe, Club House, Restaurante e Estacionamento.

As ligações às parcelas são feitas pelo Caminho Municipal MC1133, que liga Mourão ao antigo posto da Guarda Fiscal e que se situa no limite nascente do terreno.

Nas edificações e ruínas existentes e, independentemente do uso associado, são permitidas obras de reconstrução, conservação e de ampliação desde que visem dotar a edificação de cozinha e instalação sanitária e nunca o aumento de cércea ou ocupação de mais área.

Investidor ligado ao desenvolvimento turístico

Dada a especificidade do ativo, Ramiro Gomes, do Millennium bcp, acredita que os principais interessados devem ser ligados ao ramo da promoção imobiliária e desenvolvimento turístico. “A propriedade permite desenvolver a construção de um Boutique Hotel e de um aldeamento turístico, conjugados com um campo de golfe. A sua aquisição poder-se-á enquadrar em qualquer empresa ligada ao ramo hoteleiro, assim como, investidores ou promotores imobiliários que pretendam explorar toda a capacidade edificativa deste ativo e, que tem um potencial que poderá chegar bem perto das 1.000 camas”.

Atendendo à localização da propriedade nas margens da barragem do Alqueva – estando desde já claro no PP que poderá ser desenvolvida uma zona balnear com condições de excelência – e considerando a proximidade à cidade de Évora e que o Alentejo é cada vez mais um destino turístico internacional, Ramiro Gomes avança que o investidor que irá adquirir a propriedade poderá ser quer nacional ou mesmo internacional. “Desta forma iremos também desenvolver a nossa ação comercial, efetuando a divulgação do dossier de venda junto dos investidores internacionais que possuímos registados na nossa base de contactos”, disse ao Público Imobiliário.

Oportunidade única

O especialista admite que esta é uma boa altura para a venda deste ativo, uma vez estarmos num início de um novo ciclo pós-pandemia, onde é percetível o despertar na procura de novos investimentos imobiliários. “Os vários períodos de confinamento que a sociedade mundial sofreu, levaram a que os investidores se retraíssem, mas considerando que essa fase é passado e caminhamos a passos largos para a vacinação completa da nossa população, sendo Portugal um dos países mais evoluídos nesta matéria, estamos com condições de vantagem para receber novos investimentos nacionais e estrangeiros dirigidos à industria turística, aproveitando assim a retoma na procura do nosso país como destino turístico Europeu de eleição, o qual já tem vindo a crescer nas últimas semanas”.

Assim, Ramiro Gomes está convicto que esta é uma ótima oportunidade para aquisição, até porque se trata de uma propriedade com dimensão e com uma localização única, e que permite um desenvolvimento urbanístico já previamente aprovado.