Transformação é a palavra de ordem dos escritórios à prova de futuro. A oferta vai ter de se adaptar às novas exigências da procura, nomeadamente necessidade de flexibilidade, de cumprimento de metas ambientais e adaptação a vários tipos de usos. É um momento de crise, mas que traz oportunidades de transformação e de criação de valor dos ativos.
Adolfo Ramirez-Escudero, CEO Spain & Divisional President Latam da CBRE, foi o convidado do mais recente Almoço-Conferência que a revista Vida Imobiliária organizou em Lisboa, focado no mercado de escritórios e nas principais tendências deste setor, que passa agora por um momento de quebra do investimento e da procura por espaços em quase todos os mercados europeus, consequência do arrefecimento das economias e dos atrasos nas tomadas de decisão dos investidores.
A necessidade de mudança parte de uma nova procura, que exige hoje maior necessidade de flexibilidade, algo que é estrutural e não passageiro. Segundo o especialista, “o trabalho remoto está para ficar e será constante. Regressa-se aos escritórios, mas menos, e pelo menos dois dias de trabalho em casa é prática comum”. Esta tendência está a alterar as taxas de disponibilidade dos escritórios.
Consequência de uma maior necessidade de colaboração e de encontro nesses dias em que a equipa está no escritório, vai aumentando a área colaborativa necessária nos escritórios, ainda que de forma diferente consoante os setores de atividade. Os colaboradores procuram também, cada vez mais, boas localizações que permitam deslocações mínimas, espaços que proporcionem bem-estar e que sejam apelativos. Isto é decisivo para a retenção de talento.
Por isso, do lado da oferta, os escritórios de qualidade terão de ser pensados nas pessoas, disponibilizando socialização, bem-estar, colaboração e condições para melhorar a produtividade. Com estas mudanças, as rendas poderão aumentar até 20%, estima Ramirez-Escudero. “Vai ser preciso investir mais neste tipo de escritório”, o que vai também aumentar a polarização do mercado, entre os ativos mais datados e os “state of the art”. Mas garante que há oportunidades “significativas” nesta mudança. “Atualizar os ativos vai valer a pena”.

O exemplo da Fidelidade em Entrecampos
O responsável deu como exemplo de aplicação destas boas práticas empreendimentos como o Oriente Green Campus, o Campo Novo, ou o Allo – Alcântara Lisbon Offices, em Lisboa. Mas também a nova sede da Fidelidade, em Entrecampos, é exemplo dos escritórios “de ponta” que se estão hoje a construir. Miguel Santana, administrador da Fidelidade Property, foi também orador convidado deste almoço, partilhando com os profissionais presentes o exemplo dos novos escritórios que está a construir nesta zona de Lisboa, a pensar na sustentabilidade e nas pessoas, e que estarão prontos em 2025. “Será adaptado às novas exigências do mercado de trabalho” e preparado para as mudanças futuras. Confiante, admite que, neste momento de mudança, “é um desafio investir em escritórios”.