Plataforma APCMC Datacheck aposta na digitalização dos materiais de construção

15/06/2022
Plataforma APCMC Datacheck aposta na digitalização dos materiais de construção

A plataforma APCMC Datacheck, criada para fazer a digitalização dos materiais de construção, está a avançar a bom ritmo. Neste momento, conta com a inscrição de cinco fabricantes, contudo mais de 30 empresas estão a preparar os dados para avançar com a adesão.

As novidades foram deixadas pela direção da APCMC – Associação Materiais de Construção, no seminário internacional Speed Up Materiais de Construção 4.0, realizado no Porto, no dia 31 de maio e que teve como ponto alto a apresentação da plataforma APCMC Datacheck.

Neste momento, os cinco grupos que disponibilizaram a informação detalhada sobre os seus produtos na plataforma são a Volcalis – Isolamentos Minerais; Sanitana – Louças Sanitárias; Viega – Tecnologias de Instalação; Roca – Soluções de Banho, e a Saint-Gobain Portugal – fabricante e distribuidor de materiais de construção.

Digitalização dos materiais de construção

A plataforma APCMC Datacheck, que aposta na digitalização dos materiais de construção, permite, de forma gratuita, que todos os fabricantes partilhem com os seus clientes o acesso a toda a informação sobre os respetivos produtos,  permitindo que esta chegue também aos construtores, projetistas e clientes finais.

Assim, para que este processo de digitalização aconteça basta que os fabricantes tomem a iniciativa de preencher um ficheiro Excel e que façam o upload do mesmo e das sucessivas atualizações na plataforma APCMC Datacheck, autorizando os distribuidores seus clientes a aceder à mesma.

O projeto Datacheck - uma parceria estratégica entre fabricantes, distribuidores e a APCMC, insere-se, segundo Carlos Rosa, presidente da direção, na “ambição deste setor em crescer de forma sustentável”.

O responsável destaca que, do lado do fabricante, a plataforma apresenta-se “numa perspetiva ganhadora, já que permite colocar todas as informações dos produtos, apresentando-se como um serviço de qualidade, tanto em relação aos dados, como às imagens fornecidas”. Do lado do distribuidor “permite ter acesso a uma mensagem sem erro, com informações e preços corretos”.

Esta plataforma vai também de encontro à digitalização das empresas do setor dos materiais de construção.  O objetivo da plataforma Datacheck é, assim, ambicioso: representar em breve "80% dos negócios das associadas da APCMC. Neste momento representa, ainda, 20%”, referiu.

De um modelo tradicional para um modelo industrial

José de Matos, secretário-geral da APCMC, destaca que o que está em causa é a necessidade de fazer a transição de um modelo tradicional de construção em obra, para um modelo mais industrial e moderno com recurso à pré-fabricação e à construção modular, com uso mais intensivo das novas tecnologias da informação a todos os níveis: da produção, da logística, do projeto e da gestão da obra. Isto é, temos que digitalizar a construção, ou de forma mais compreensiva, os diversos processos que são assegurados pelos diferentes agentes da fileira.

Assim, “digitalizar os processos na fileira da construção é uma tarefa inadiável, que tem inúmeras áreas de intervenção, quer ao nível das empresas, quer do tipo de atividades, quer da comunicação entre todas elas”. Mas para isso se concretizar não pode faltar a componente essencial, que é a digitalização da informação relativa aos produtos e materiais.

“São milhões de referências que é preciso identificar, classificar e caracterizar, com todos os seus atributos, desde o preço aos dados técnico e de desempenhos físicos, as embalagens, a informação para a logística, as imagens, os catálogos, os desenhos e todos os metadados que possam ser utilizados para os softwares de projeto, nomeadamente para outra ferramenta essencial para atingirmos maior eficiência e sustentabilidade na construção, o BIM”, refere.

Desde logo, acrescenta, porque é essencial aos processos logísticos, de marketing e de vendas dos comerciantes de materiais de construção (incluindo vendas pela internet), mas também porque garante a todos os outros agentes da fileira o acesso à informação completa sobre os produtos e que é necessária para os seus próprios processos, em formato digital e num formato standard e inequívoco, utilizado internacionalmente. Foi com esta perspetiva que a APCMC, com o apoio do Compete 2020, avançou para a criação desta plataforma digital.

(Caixa) Concorrer com Amazon e Ikea é o grande desafio

Para os distribuidores e comerciantes de materiais de construção o desafio passa cada vez mais pela informação de qualidade que possam prestar ao cliente final. Só desta forma podem concorrer com grupos internacionais como a Amazon ou a Ikea, que oferecem “soluções simples e a preços mais baixos”, destacou, na sua intervenção, Geert Nieuwenhuizen, da Content4all ebm b.v., um profissional com uma larga experiência internacional.

“Não é possível aos retalhistas terem uma boa base de dados sem o apoio dos fornecedores”, frisando, “que para competir é preciso apostar cada vez mais no online”.

Mensagem semelhante foi deixada por Estanislau Montesinos Gomez, responsável digital da Grohe -fabricante mundial de torneiras -, que destacou o grande desafio que é “oferecer conteúdos online”, sobretudo devido, “ao grande número de normativos exigidos na Europa”. Contudo destaca a importância desta informação, referindo que entre 2020 e 2021 o crescimento de pedidos sobre dados e conteúdos dos produtos da empresa aumentou 28%.

compete_apcmc.jpg