Portugal RE Summit: escritórios deverão ter ano recorde de ocupação

06/10/2022
Portugal RE Summit: escritórios deverão ter ano recorde de ocupação

No primeiro dia do Portugal Real Estate Summit, evento que contou com a presença de 350 participantes, a edição mais concorrida de sempre, decorreu a sessão “Work, Live and Play”, uma análise abrangente das principais tendências e perspetivas para o imobiliário.

No que se refere ao mercado de escritórios, a ambição é de "ano recorde". “A ocupação deverá bater recordes e ser o melhor ano”, garante Eric van Leuven, head of Portugal da Cushman & Wakefield, ao abordar a parte "Work" da sessão. Acrescenta ainda que há “500 mil metros quadrados de nova oferta, metade em construção, 73% pré-arrendado”.

O executivo frisa também que as duas principais cidades em Portugal continuam “muito atrativas” e que o mercado ocupacional e de investimento “estão muito ativos”, apesar da “falta oferta de qualidade e adequada”. O responsável pela consultora em Portugal, sublinha ainda o facto de Lisboa estar em “quinto lugar entre os países onde se deverão criar mais empregos no mercado de escritórios”.

Ao falar sobre a "nova realidade" que os escritórios atravessam, Eric van Leuven indica que “o trabalho híbrido está para ficar, apesar de não existirem dados concretos para Portugal” e que os espaços flexíveis são uma opção, contudo “ainda modesto no mercado português”.

Em termos da logística, “as rendas continuam a ser muito competitivas face ao mercado europeu e muito mais baixas que outras cidades comparáveis. As yields continuam altas, há boas oportunidades”, refere Eric van Leuven.

Em termos de "Live", Paulo Silva, head of Country da Savills Portugal, aponta para uma “tempestade perfeita”, onde os “salários não acompanham a falta de oferta e a inflação. O português médio não consegue comprar casa. Toda a oferta é absorvida pela procura atualmente. Há um grande gap entre oferta e procura”. O Build to Rent torna-se assim uma “necessidade, especialmente para os jovens”, indica Paulo Silva, enfatizando que 80% dos jovens até aos 29 anos vivem em casa dos pais.

O responsável pela Savills Portugal sublinha também que há novos fatores a mudar a oferta. “Entram novos jovens com menor rendimento que não conseguem crédito, mais trabalhadores internacionais e estudantes. Os millennials e futuras gerações têm outros valores”. As designadas propriedades Multifamily bateram recorde de investimento na Europa em 2022, no entanto “nada disso se passa em Portugal”, refere o Paulo Silva, acrescentando que o Build to Rent “concorre e é o primeiro desafio”, sendo que a banca “não é familiar com o modelo Build to Rent tradicional, financiamento, custos de construção e dos terrenos etc.”. O executivo enfatiza que “há muita oportunidade para investir em Portugal”.

Após a pandemia que atravessámos, o setor do turismo tem vindo a recuperar, exemplo disso são os “eventos esgotados, novos lifestyle concepts”, refere Francisco Horta e Costa, managing director da CBRE Portugal, ao abordar a parte "Play". Referindo que o pipeline de “hotéis permanece robusto”, Francisco Horta e Costa salienta de igual forma que a experiência tem vindo a ganhar importância no retalho que se “adaptou ao comércio online, e as vendas já são mais do que antes da pandemia”.

Prevê-se que o peso no investimento total em hotéis aumente para cerca de 1/3 este ano, indica Horta e Costa, algo que comprova o facto de ser um “setor resiliente”. Em termos de volume do retalho, este vai “continuar “dormente”, sendo que o retalho “representa menos no global do investimento, face a anos anteriores”.