Portugal tem o acesso à habitação mais difícil entre os países da OCDE

25/02/2025
Portugal tem o acesso à habitação mais difícil entre os países da OCDE
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Portugal é o país da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) onde é mais difícil comprar casa. É o que confirmam os números mais recentes relativos ao terceiro trimestre de 2024, citados pelo Expresso.

Desde 1995, quando a OCDE começou a trabalhar estes dados, nunca foi tão difícil adquirir habitação em Portugal. Entre julho e setembro de 2024, o índice de acessibilidade habitacional — que mede a relação entre a evolução dos preços das casas e os rendimentos — alcançou os 157,7 pontos, o valor mais alto desde que existem registos. O valor do índice no nosso país está atualmente 36% acima da média da OCDE (115,7), e 50% acima da zona euro 104,7). 

Quanto mais elevado o índice, mais difícil é o acesso à habitação num determinado país, e este é o pior registo que Portugal já obteve, colocando-o como o país da OCDE onde o acesso à habitação é mais desafiante entre os 30 países com dados disponíveis.

Portugal também foi o país onde o acesso à habitação mais se deteriorou. Em 2014, no terceiro trimestre, o índice situava-se nos 99,6 pontos, o que significa uma queda de 58,33% no acesso à habitação nos últimos 10 anos, já a que a leitura do terceiro trimestre de 2024 é de 157,7 pontos. Neste período, os preços das casas mais do que duplicaram, o que representa um ritmo de crescimento quatro vezes superior ao rendimento médio salarial. Em paralelo, o custo de vida também tem vindo a crescer, com o índice de preços no consumidor (indicador da inflação) a aumentar 21% no mesmo período. 

O estudo “Habitação para jovens em Portugal: desafios e tendências atuais” elaborado e apresentado pela Century 21 no início deste mês também veio confirmar esta dificuldade no acesso à habitação, principalmente por parte dos jovens, mostrando que 70% das casas para venda na Área Metropolitana do Porto e 69% na Área Metropolitana de Lisboa (de valor superior a 250.000 euros) estão acessíveis a apenas 4% e 3% dos jovens da região, respetivamente. Ou seja, os que ganham mais de 2.500 euros mensais.

A dificuldade na emancipação é evidente. 56,4% dos jovens portugueses entre os 25 e os 35 anos ainda vivem em casa dos pais. Na faixa entre os 36 e os 40 anos, 11,4% ainda estão nesta situação nas regiões das áreas metropolitanas. 43% ainda não é independente devido aos preços elevados da habitação e 30% aos rendimentos insuficientes.