Procura de habitação abranda, mas não se espera quebra dos preços

17/05/2023
Procura de habitação abranda, mas não se espera quebra dos preços

Apesar de ser já evidente um abrandamento da procura por habitação em Portugal, os promotores e mediadores imobiliários inquiridos no Portuguese Housing Market Survey (PHMS) não esperam que os preços das casas desçam nos próximos 12 meses.

Os resultados de março do inquérito de sentimento da Confidencial Imobiliário, feito em parceria com o RICS, mostram mesmo que as expetativas quanto à evolução dos preços das casas para este período estão até mais positivas que no inquérito anterior, e passaram de um saldo líquido de respostas de +20% em fevereiro para +27% em março.

O contexto é de abrandamento da procura: os indicadores de novas intenções de compra e de vendas acordadas continuam em terreno negativo, num saldo líquido de -30% em março de inquiridos a reportar uma descida na procura por parte de novos compradores, e de -10% a notar menos vendas acordadas.

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, comenta que estes resultados começam “a confirmar a resiliência dos preços, apesar das condições económicas e monetárias adversas dos últimos meses e do consequente abrandamento da procura”. Explica que “a conjuntura de forte aumento das taxas de juro e de elevada inflação abriu, para muitos, um cenário potencial de descida ou até colapso dos preços. Contudo, vários indicadores de mercado começam a confirmar a resiliência dos preços, num contexto em que as expetativas quanto à inflação e aos juros são agora de estabilização, enquanto as condições estruturais do mercado residencial não se alteraram”, isto é, mantém-se a “falta crónica de casas para venda, agora ainda mais comprometida pelo aumento dos custos de construção. E esta é uma situação que a iniciativa governamental não parece conseguir resolver”.

Por seu turno, Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, também está convencido de que “a falta de oferta vai continuar a influenciar o comportamento dos preços, com os inquiridos a anteciparem que os valores médios das casas vão continuar a subir ao longo do próximo ano”. Isto, apesar de “a atividade no mercado residencial ter condições para continuar sob pressão, com alguns indicadores ainda em terreno negativo e os inquiridos a anteciparem a continuação de uma quebra nas vendas. Os custos mais elevados do crédito à habitação vão continuar a pressionar a procura e não se espera que este fator se dissipe tão cedo, uma vez que o BCE deverá fazer novos aumentos da taxa de juro”.

O inquérito de março confirma que a oferta de habitação continuou a descer, com um saldo líquido de -23% dos inquiridos a reportar uma quebra nas novas instruções de venda.

Por outro lado, no que toca ao arrendamento, o cenário continua a ser procura crescente mas oferta decrescente, o que resulta num aumento de rendas, e as expetativas são de manutenção desta situação nos próximos meses.