Reabilitação de ativos industriais ganha força num mercado de escassa oferta

10/05/2023
Reabilitação de ativos industriais ganha força num mercado de escassa oferta

O mercado de ativos industriais e logísticos é um dos segmentos do imobiliário que mais sente a pressão da falta de oferta de produto adequado para tanta procura, impulsionada pela entrada de novos operadores que continuam a chegar a Portugal, de áreas como a farmacêutica, automóvel ou energia. Os edifícios para reabilitar surgem cada vez mais como uma alternativa viável, com um “time to market” muito mais reduzido que no produto novo.

De acordo com os especialistas ouvidos pelo Público Imobiliário, a reabilitação de imóveis tem-se apresentado como uma das opções preferenciais para os operadores que procuram soluções que atendam aos seus requisitos temporais e técnicos, já que permite uma maior flexibilidade e customização em relação às especificações técnicas, infraestruturas e soluções construtivas, permitindo também um projeto mais sustentável. E a reabilitação dessas antigas instalações pode trazer benefícios para a região, como a revitalização de áreas urbanas em declínio.

Um dos grandes pontos a favor da reabilitação e renovação de espaços industriais é mesmo a poupança de tempo, nomeadamente no que diz respeito ao licenciamento municipal, que pode ser um entrave especialmente pesado no plano de negócios e um risco difícil de controlar. Um ativo industrial renovado pode chegar ao mercado de forma bastante mais célere que o desenvolvimento de um projeto de raiz e, por outro lado, terá mais probabilidades de ter uma localização mais próxima das grandes cidades, onde o desenvolvimento de novos ativos é mais complexo e a oferta é ainda mais escassa.

É uma vantagem competitiva num mercado que continua muito ativo em Portugal, e as perspetivas do arranque de 2023, que apontavam para mais um ano muito positivo, estão a materializar-se. Prova disso é que a absorção por parte das empresas atingiu os 213.883 metros quadrados no primeiro trimestre deste ano, uma subida de 158% face a igual trimestre do ano passado. Na região da Grande Lisboa em particular, a subida da absorção foi superior a 78%, segundo mostram os dados do Industrial Prime Index, gerido pela Confidencial Imobiliário.

A procura mantém-se muito forte, tanto por áreas de maior dimensão, como também por áreas mais pequenas, e escasseia o produto para ocupação imediata. Soluções de pré-arrendamento ou “build to suit” são uma alternativa. Mas os operadores procuram também soluções mais especializadas, como logística de proximidade, ou “last mile”, ou logística quase sem armazenagem, ou “cross docking”.

Ativos que possam ser adaptados às necessidades específicas dos clientes e imóveis para reabilitar podem ser alvo de processos de adaptação e renovação para que cumpram as mais modernas exigências em termos de consumo energético ou sustentabilidade das operações logísticas. As certificações energéticas e de sustentabilidade são cada vez mais um requisito tanto dos investidores como dos ocupantes e dos clientes, e o reposicionamento de ativos é uma boa oportunidade para as implementar e atualizar estes ativos. Entre os “upgrades” estão a revisão de coberturas, instalação de sistemas de combate a incêndios, criação de postos de carga de veículos elétricos, de painéis fotovoltaicos, entre muitos outros.