Regiões do interior mais bem preparadas para responder aos desafios imobiliários

21/12/2022
Regiões do interior mais bem preparadas para responder aos desafios imobiliários

No último ano, os preços de venda das casas em Portugal registaram uma subida homóloga de 10,1% em Lisboa e de 17,4% no Porto, mostra o Índice de Preços Residenciais referente ao 3º trimestre de 2022, da Confidencial Imobiliário. Face ao trimestre anterior, os preços registaram subidas de 2,1% em Lisboa e de 1,7% no Porto. Uma realidade que tem vindo a potenciar as zonas mais do interior, sobretudo a norte, que ganharam um novo alento com o trabalho remoto, permitindo a deslocalização e fixação das famílias em geografias menos onerosas.

Lisboa e Porto registam valorizações fortes dos preços e são os mercados mais caros das respetivas regiões. Segundo a Confidencial Imobiliário, na Área Metropolitana de Lisboa só o Montijo valorizou menos que Lisboa no 3º trimestre, numa subida homóloga de 9%. Na Área Metropolitana do Porto, Valongo e Gondomar foram também as únicas a valorizar menos que a Invicta, e registaram subidas de 13% e 16%.

Lisboa tem hoje um preço médio de venda de 4.265 euros/m², o mais caro da região. A média das transações na AML fica 35% abaixo deste valor, nos 2.753 euros/ m².

Já no Porto, o preço médio fixa-se nos 3.001 euros/ m², com a média da AMP a fixar-se nos 2.087 euros/ m², 30% abaixo da Invicta.

Regiões a norte mais “competitivas”

O aumento de preços nestas duas metrópoles tem vindo, assim, a tornar ainda mais apelativas regiões como Coimbra, Viseu e Covilhã, entre outras, não só ao mercado residencial, mas também à instalação de comércio para “alimentar” a forte procura que estas geografias têm vindo a ser alvo no último ano. As famílias continuam, cada vez mais, a preferirem adquirir moradias ao invés de apartamentos, “cedendo” por isso morar em Lisboa ou Porto, optando por cidades mais de interior, servidas de boas redes de comunicação que lhes garantem um fácil acesso às grandes cidades. O grande desafio é, agora, a oferta que também aqui começa a escassear face ao aumento generalizado da procura.

Em Coimbra, por exemplo, no acumulado dos últimos três meses, entre setembro e novembro deste ano, o mercado residencial, na vertente de moradias, registou a venda de 130 ativos, com um preço médio por m2 de 1220 euros. Na Covilhã, foram 105 as moradias vendidas, as mesmas que em Viseu. O preço médio por metro quadrado na Covilhã foi de 988 euros e, em Viseu, de 1303 euros, segundo dados da Confidencial Imobiliário.

Universidades atraem investimento em imobiliário comercial

Se há algo que Coimbra, Viseu e Covilhã têm em comum é uma forte comunidade estudantil. A Universidade de Coimbra, assim como o Politécnico, a Universidade da Beira Interior e o Instituto Politécnico de Viseu têm vindo a conquistar notoriedade entre o ensino superior com um claro aumento de candidatos, com claros impactos no imobiliário. Só a Universidade de Coimbra tem cerca de 25 mil alunos provenientes de 75 países diferentes.

Do recato interior da Beira, a Covilhã, cidade criativa da agência das Nações Unidas, tornou-se uma das mais procuradas pelos universitários. São atualmente mais de 8 mil, que se misturam com os quase 47 mil habitantes.

Já o Instituto Politécnico de Viseu, com uma oferta formativa de 29 cursos de licenciatura, 29 mestrados, 13 pós-graduações, seis pós-licenciaturas e 29 CTeSP, num total de 106 cursos, movimento mais de seis mil alunos.