As rendas dos novos contratos de arrendamento residencial celebrados em Lisboa no último trimestre do ano passado desceram -2,2%, a segunda quebra trimestral consecutiva neste mercado. Consolida-se assim a tendência de descida dos valores, depois da quebra de -0,5% registada no trimestre anterior. Os números são do Índice de Rendas Residenciais, da Confidencial Imobiliário.
O segundo semestre de 2023 pôs fim ao ciclo de fortes aumentos das rendas que se registava desde meados de 2022, com variações em cadeia entre os 5% e os 10%, que resultaram num crescimento homólogo de 29,6% no 2º trimestre do ano.
Com as descidas do final do ano, a taxa de variação homóloga desacelerou significativamente, fixando-se nos 8,7% no 4º trimestre, ou seja, comprimindo em quase 21 pontos percentuais face ao pico do 2º trimestre.
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, analisa que “a subida vertiginosa das rendas observada a partir de meados de 2022 terá sido, sobretudo, um reflexo da reação dos proprietários aos limites de atualização então impostos aos contratos vigentes, bem como à crescente incerteza no arrendamento, que se agravou com as medidas anunciadas no âmbito do ‘Mais Habitação’. Daí resultou uma subida de quase 30% num ano, escalada após a qual começou a haver a perceção de que o mercado teria atingido o nível máximo de rendas, com um refreamento nos valores praticados nos novos contratos, como é visível nos dois últimos trimestres do ano passado".
Porto mantém a subida das rendas, mas com abrandamento
A tendência é também de desaceleração no Porto, apesar de não se registarem descidas. Na invicta, as rendas dos novos contratos de arrendamento de habitação subiram 0,9% face ao trimestre anterior, a comparar com a subida anterior de 3,2%.
Neste mercado há também uma evidente travagem das fortes subidas que se registaram desde meados de 2022. A taxa de variação homóloga inédita de 30,2% do final de 2022 compara com a de 11,7% do final de 2023.
Ainda assim, no cômputo de 2023, as rendas continuam a evidenciar o incremento acumulado do último ano e meio, atingindo os 19,0 euros/m² em Lisboa e 15,1 euros/m² no Porto, segundo os dados do SIR-Arrendamento.
