Rendas já subiram 23% em Lisboa e no Porto desde o verão

24/05/2023
Rendas já subiram 23% em Lisboa e no Porto desde o verão

Os novos contratos de arrendamento assinados no 1º trimestre deste ano em Lisboa e Porto têm rendas 23% acima das praticadas no 2º trimestre do ano passado, período antecedeu o anúncio do Governo relativo à limitação da atualização das rendas em 2023 a 2%.

No trimestre em causa, a renda média praticada nos novos contratos de arrendamento em Lisboa atingiu os 18,2 euros/m², e os 14 euros/m² no Porto. Assim, a renda média por casa foi de 1.480 euros em Lisboa e de 1.064 euros no Porto.

Estes são os números são apurados pelo Índice de Rendas Residenciais da Confidencial Imobiliário, que acompanha o comportamento das rendas fixadas nos novos contratos de arrendamento habitacional. Evidenciam esta forte subida que se regista desde o verão passado, resultante de um ciclo de fortes aumentos em cadeia nos últimos três trimestres, que começou logo no 3º trimestre de 2022 com uma subida de 10% face ao trimestre anterior, quer em Lisboa, quer no Porto – uma variação trimestral que até então nunca tinha sido tão forte, e que terá sido uma reação imediata dos proprietários ao anúncio do Governo, que definiu que as atualizações das rendas em 2023. O último trimestre do ano confirmou esta postura dos proprietários que procuraram antecipar perdas futuras através dos novos contratos, com um aumento das rendas de 6% face ao trimestre anterior em Lisboa e de 8% no Porto.

Já no arranque deste ano, e com o anúncio do pacote “Mais Habitação”, os novos contratos de arrendamento voltaram a ter rendas mais caras, 6% acima do trimestre anterior em Lisboa, e 2% no Porto.

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, explica que “sendo um facto que as rendas em Lisboa e no Porto já estavam em recuperação desde o final de 2021 depois de quase dois anos de contração, a verdade é que há um incremento especialmente forte desde o verão passado e que este coincide com o anúncio de que a atualização dos valores seria limitada administrativamente”. Esta medida “parece ter agravado a falta de confiança dos proprietários neste mercado, ao mesmo tempo que lhe retirou atratividade, pois o aumento previsto não cobre sequer a inflação”.

Por outro lado, o 1º trimestre deste ano “consolidou este cenário, com a divulgação do pacote ‘Mais Habitação’ a delapidar ainda mais a confiança, o que é visível quer no aumento das rendas quer na redução de oferta que chega ao mercado”.