Ruído – um intruso em casa a quem não se presta atenção

19/04/2023
Ruído – um intruso em casa a quem não se presta atenção

Além dos problemas de saúde, é evidente que um mau isolamento acústico nas habitações interfere diretamente na qualidade de vida, no conforto e no disfrute do silêncio. O ruído no interior das habitações acaba por ser um intruso perigoso, silencioso e progressivo, tendo em conta que os habitantes acabam por se “habituar” ao desconforto. Mas o que os olhos não veem, o ouvido sente.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a poluição sonora como um problema de saúde pública mundial. Em 2018, para proteger a saúde humana, estabeleceu níveis máximos de orientação para cinco fontes de ruído prejudiciais: tráfego rodoviário, ferroviário, aéreo, turbinas eólicas e atividades de lazer. Nas diretrizes produzidas, são recomendadas intervenções para reduzir a exposição às fontes de ruído. Por exemplo, no caso do ruído do tráfego rodoviário, que afeta a maioria das habitações em zonas urbanas, a orientação é a de um nível médio de ruído (em 24h) inferior a 53 dB (decibéis, a medida do ruído cuja escala depende da sua intensidade e potência).

20% da população europeia (1 em cada 5) vivem em zonas com ruído considerado prejudicial para a sua saúde. A OMS define como ruído qualquer som acima de 65 dB, considerando ruído com efeitos nocivos para a saúde acima de 75 dB e ruído doloroso a partir de 120 dB. A Agência Europeia do Meio Ambiente assegura que a poluição sonora causa 16.000 mortes prematuras e mais de 72.000 hospitalizações por ano.

Portugal não está no pódio dos países europeus com ruído excessivo, mas tendo em conta a má qualidade da construção da maioria dos edifícios, o desconhecimento ou falta de cumprimento do Regulamento Geral do Ruído e a falta de cuidado aquando da construção de infraestruturas, é um dos países nos quais a situação de isolamento acústico é bastante débil. As principais infraestruturas portuguesas de transportes têm sido construídas sem considerar quaisquer medidas de proteção ou incentivos ao reforço do isolamento acústico das habitações, sendo evidente a falta de conforto para todos os edifícios situados nos “corredores aéreos”, junto às autoestradas e ferrovias.

A poluição sonora aumenta nas cidades, e mais do que um incómodo, é um risco para a saúde. Precisamos de dar importância ao isolamento acústico e de agir. Enquanto cidadãos, devemos estar mais atentos à qualidade da construção dos edifícios. A escolha dos materiais deve ter em conta os requisitos térmicos e acústicos, e a escolha adequada das soluções de janelas eficientes permite atenuar os efeitos da poluição sonora.

É fundamental apostar em soluções que permitam minimizar os impactos do ruído no conforto e na qualidade de vida. A par do reforço da fiscalização e aplicação da Lei do Ruído, é necessário incentivar a aplicação e escolha das melhores soluções de isolamento, e é indispensável a instalação de janelas eficientes.