Sustentabilidade: o grande desafio está na construção para a classe média

25/05/2022
Sustentabilidade: o grande desafio está na construção para a classe média

“Num prazo de três anos, os edifícios devem ter um nível de certificação A”, disse Fernando Ferreira, Chief Investment Officer na Square Asset Managment, no Pequeno Almoço Editorial, organizado pela Vida Imobiliária. O encontro sucedeu-se no Hotel Real Palácio, em Lisboa, com o tema "Sustentabilidade Inteligente no Imobiliário" em mesa. O executivo salientou no evento que “as pessoas preferem uma unidade com uma boa qualificação energética, pois é mais confortável: pagam menos eletricidade e ocorre então a valorização de rendas”, acrescentando que é “um desafio que abraçamos” e que “foi feito aquilo que é necessário para se chegar ao fim e vender de uma forma enquadrada”.

Referindo-se ao tema da certificação dos edifícios como “prioridade geral”, Eric van Leuven, Executive Partner na Cushman & Wakefield, indica que de facto “o que vai ocorrer, será uma grande polarização entre os edifícios que cumprem com as diretivas impostas e outros que não cumprem com as mesmas”, acrescentando que “ao apostarmos na eficiência energética dos edifícios, fazemos com que fiquem cada vez mais valiosos”. Manuel Collares-Pereira, Scientific Advisor na Vanguard Properties, atenta para o facto de a “certificação energética tem sido importantíssima, criou um valor que permite discutir isto de uma forma objetiva”, salientando que, hoje, em Portugal, “temos 60% energia renovável e vamos ter 80%”, sendo que, “quando discutimos N0 e comunidades energéticas, o facto de termos um número objetivo e não relativo, facilita”.

Investidores preocupam-se com sustentabilidade

"Do lado do investidor há uma preocupação na sustentabilidade e, por isso, procuram projetos que investem nessa preocupação ambiental", refere Marco Santos, Head of Region Portugal na Arcadis, reforçando que "agimos muito do lado dos investidores, procurando projetos que deem resposta a essa sustentabilidade procurada por eles" e que "os compradores internacionais procuram projetos que tenham essa certificação, como o projeto da Comporta". Acredita ainda que se o mercado atuar a montante na definição de um projeto com estas caraterísticas, ajudando, conseguem-se ganhos muitos significativos.

No entanto, de referir que "estas preocupações não são novas, já existem há muitos anos, mas a sensibilidade para estas questões é muito pouca", de acordo com Pedro Vicente, Board Member na Habitat Invest, que admite estar muito preocupado com os custos de construção.

De facto, é importante percebermos que o "grande desafio está na produção para a classe média", segundo Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, sendo fundamental que "a resposta à mudança do aumento dos custos de construção, seja também uma resposta à mudança de paradigma climático e energético", sendo que é "não é uma mudança conjetural, mas sim estrutural". Reforça ainda que "a batalha tem sido convencer primeiro os comerciais de que têm de fazer disto uma mais-valia na venda de cada uma daquelas unidades. Temos de convencê-los de que isto é o melhor para todos, mas isso nem sempre é fácil", refere o diretor da Confidencial Imobiliário, aquando desta mudança necessária nos edifícios.