A sustentabilidade e a habitação

11/12/2021
A sustentabilidade e a habitação

A habitação com classificação energética (CE) A+ a B-, as classes energéticas superiores, representa 19% das unidades vendidas em Lisboa nos últimos 12 meses até outubro deste ano, mostram os dados do SIR-Reabilitação Urbana, um sistema estatístico gerido pela Confidencial Imobiliário e que cobre 17 freguesias centrais da cidade. A maior aposta dos compradores nesta classificação já foi notada nos últimos dois anos, em que as casas A+ a B- agregaram cerca de 20% das transações na cidade, fortalecendo a quota dos anos anteriores. Entre 2015 e 2018, a habitação com esta CE representou entre 14% a 18% das vendas anuais.

...E AVENIDAS NOVAS, SANTO ANTÓNIO E ARROIOS LIDERAM PROCURA

As freguesias das Avenidas Novas, Santo António (que inclui o eixo da Avenida da Liberdade) e Arroios e Estrela recebem a maioria dos fogos vendidos com esta classificação, agregando, entre si, 61% das unidades transacionadas na cidade no período em análise. As Avenidas Novas concentram 22% dos fogos A+ a B- vendidos em Lisboa nos últimos 12 meses, seguida logo de perto pela freguesia de Santo António, com outros 20% das unidades classificadas nesta classe; enquanto Arroios concentra 19% dos fogos A+ a B- transacionados no último ano. As duas primeiras freguesias evidenciam-se, contudo, face a Arroios pela forte aposta na habitação com maior eficiência energética. De tal forma que, no seio destas freguesias, quase metade das casas transacionadas no período em análise (42% nas Avenidas Novas e 46% em Santo António) possuem a cerificação energética máxima. Em Arroios, entre as vendas residenciais realizadas até outubro, 26% dizem respeito a unidades nas classes A+ a B-.

Entre as restantes freguesias da cidade, Santa Maria Maior, que integra o Centro Histórico, é a única em que essa proporção supera a média da cidade, sendo que neste território os fogos A+ a B- representam 20% das vendas residenciais. De resto, realçar ainda que na Estrela, Belém e Marvila a habitação nas classes A+ a B- concentrou entre 15% a 17%% das vendas residenciais nos últimos 12 meses.

CLASSES SUPERIORES COM PRÉMIO DE 43%

No que se refere ao preço médio de venda da habitação em Lisboa, pode verificar-se que atingiu os 4.076€/m2 em outubro (acumulado de 12 meses) no conjunto do território analisado pelo SIR-Reabilitação Urbana. Desagregando por classe energética, pode verificar-se que apenas as habitações com certificações superiores (A+ a B-) foram transacionadas por um valor acima da média total do mercado, atingindo um preço de venda em outubro de 5.833€/m2. Na prática, isso significa que tais habitações apresentam um prémio de 43% face ao que constitui a média de mercado, o qual atualmente se traduz num valor de mais 1.750€/m2. Olhando para os anos anteriores, este prémio tem-se mantido no mesmo patamar, posicionando-se quase sempre em torno dos 40%.

MISERICÓRDIA E SANTA MARIA MAIOR TÊM O PRÉMIO MAIS ELEVADO

Em termos de freguesias, as habitações de CE superiores mais caras de Lisboa situam-se na Misericórdia, com um preço de venda de 7.422€/m2, seguido pelos 7.234€/m2 registados em Santo António, e ainda pelos 7.051€/m2 observados em Santa Maria Maior. Nas Avenidas Novas, com o maior volume de vendas de habitação nesta classe energética, este tipo de habitação foi transacionado por 6.557€/m2, evidenciando-se, ainda, também acima dos 6.000€/m2, a freguesia da Estrela, com vendas a 6.133€/m2. Em Arroios, que foi outro líder de vendas, as transações de fogos A+ a B- atingiu um valor médio de 5.276€/m2, já inferior à média apurada para o total da cidade.

Entre as três freguesias com vendas de habitação nas classes energéticas superiores acima dos 7.000€/m2, Santo António tem o menor prémio face ao que constitui a média de mercado, atingindo os 25%. Tal não é alheio o facto de este ser o mercado mais valorizado da cidade (e aliás um dos únicos dois com transações na média acima dos 5.000€/m2), pelo que se trata de um território onde, naturalmente, as certificações energéticas superiores surgem cada vez mais como uma exigência de base ao invés de se afirmarem como um fator de diferenciação. O mesmo se verifica nas Avenidas Novas, a outra freguesia da cidade onde o mercado residencial situa o preço atualmente também acima dos 5.000€/m2, e onde o prémio das classes energéticas máximas atinge os 27%.

Já as freguesias da Misericórdia e Santa Maria Maior, onde as vendas residenciais totais se situaram entre 4.700€/m2 e os 4.800€/m2, apresentam no período em análise os prémios mais elevados para as casas certificadas com as categorias A+/B-, com tal indicador a situar-se acima dos 50% em ambos os casos.

Merece ainda destaque neste indicador, a freguesia de Campo de Ourique, onde a habitação com CE superior atingiu os 5.963€/m2, ou seja, mais 41% do que a média total das transações residenciais, em cerca de 4.200€/m2. Outras três freguesias apresentam um prémio na casa dos 30% para os fogos A+ a B-, nomeadamente a Estrela (35%), Alcântara (34%) e Arroios (33%).

64% DOS FOGOS EM PIPELINE COM CLASSIFICAÇÃO ENERGÉTICA “A”

Nos primeiros nove meses de 2021 entraram em processo de licenciamento cerca de 31.350 novos fogos em Portugal Continental, de acordo com os dados do Pipeline Imobiliário, apurados a partir dos pré-certificados energéticos emitidos pela ADENE. Deste pipeline, 64% está pré-certificado nas categorias “A” e “A+”. Com a categoria “A” contabilizam-se cerca de 14.500 novos fogos em pipeline, equivalente a 46% da carteira nacional, enquanto as unidades com a classificação energética máxima, de “A+”, agrupa outros cerca de 5.700 fogos, correspondente a 18% do total. Face a igual período do ano passado, ambas as categorias ganharam expressão no pipeline, comparando a atual quota de 46% com a de 42% registada nos primeiros nove meses de 2020 no caso dos fogos com CE A; e os atuais 18% com os anteriores 8% nos fogos A+, categoria máxima. O pipeline desta categoria registou um forte acréscimo, com os atuais cerca de 5.700 fogos pré-classificados em A+ a duplicarem a carteira de cerca de 2.700 registados em igual período do ano passado. No caso dos fogos pré-certificados na categoria A, a nota foi de ligeiro acréscimo (+2%), comparando-se as atuais 14.500 unidades com as anteriores 14.200.

PORTO, GAIA E GUIMARÃES lideram em “A+”

O Porto é o concelho com uma maior aposta na certificação energética máxima, agregando 9% dos fogos pré-certificados em “A+” no país nos primeiros nove meses de 2021. Segue-se Vila Nova de Gaia, com uma quota de 6%, e Guimarães com 4%. Evidenciam-se ainda Almada, Cascais, Matosinhos, Portimão, Lisboa, Braga, Leiria e Barreiro, todos com uma quota de 3% dos fogos pré-certificados A+ no país até setembro. No que respeita a categoria “A”, a liderança vai para Lisboa, onde se situam 9% dos fogos com esta classificação submetidos a licenciamento em Portugal no período de janeiro a setembro de 2021. Seguem-se Gaia, Matosinhos e Porto, com quotas de, respetivamente, 6%, 5% e 4% dos fogos em pipeline com pré-certificação “A”.