Teletrabalho impulsiona nova oferta de coliving em Portugal

03/02/2021
Teletrabalho impulsiona nova oferta de coliving em Portugal

Segundo as contas da CBRE, serão cerca de 3.000 as unidades construídas para este fim que estão planeadas e que poderão entrar no mercado nos próximos 18 meses, um forte pipeline que resulta “da colaboração entre os investidores e promotores portugueses e os operadores internacionais”. O coliving apresenta-se cada vez mais como uma das potenciais estratégias de exploração deste mercado.

Esta é uma das principais conclusões do evento ‘Portugal Coliving Outlook 2021: Accelerating out of Crisis’, realizado recentemente pela B-Hive Living em parceria com a Coliv, a APPII, a FREL e a Salto Systems, no qual participaram oradores como Matt Lesniak, da Coliving Insights Magazine & Conscious Coliving; Dave Williams, da NOMADX, Nuno Nunes, da CBRE Portugal, e Williams Johnson, da B-Hive Living.

Os profissionais defenderam neste evento que o teletrabalho pode impulsionar e trazer uma nova “onda” de trabalhadores remotos e digital nomads para Portugal, assim que as restrições às viagens forem aliviadas. E esta nova procura vai incidir sobre novas localizações, como bairros residenciais dos arredores de Lisboa e Porto. Segundo a B-Hive Living, “a nova procura uma autêntica experiência de vida portuguesa, longe das áreas tradicionalmente turísticas”. Ericeira ou a Madeira são exemplos de algumas das localizações que estão a registar um aumento da procura por espaços de coliving.

Apesar da pandemia e da migração de muitos proprietários para o mercado de arrendamento de longa duração em 2020 no Porto e em Lisboa, os preços das rendas deverão manter-se estáveis este ano, e mesmo crescer no caso dos projetos de coliving de segmento alto. Entre as amenities mais procuradas estarão os contratos flexíveis, luz natural, ou elevadas velocidades de ligação à internet.

A B-Hive Living também destaca no rescaldo deste evento que o stock de antigos apartamentos de grandes dimensões em Lisboa pode representar “uma oportunidade substancial para as empresas de coliving em 2021”. Se até agora os preços em alta têm sido um impedimento à criação de projetos de coliving feitos de raiz, a reabilitação deste tipo de ativos pode ser uma oportunidade.

O financiamento alternativo poderá ganhar terreno no investimento em coliving, o que já acontece no Reino Unido ou no Brasil. “2021 deverá ser o ano de ‘descolagem’ do crowdfunding imobiliário em Portugal”, acredita a B-Hive Living.

Uma coisa é certa. A pandemia vai continuar a exigir uma série de novas competências aos operadores e inquilinos, nomeadamente ao nível da segurança, bem-estar e conveniência, que “serão a norma em 2021”. Os novos projetos terão de proporcionar espaços privados maiores, áreas comuns que respondam às necessidades da vida pessoal e do trabalho, e será necessário mais investimento na gestão da comunidade.