Valorização residencial ultrapassa os 20% nos principais destinos do Algarve

22/02/2023
Valorização residencial ultrapassa os 20% nos principais destinos do Algarve

O movimento de valorização da habitação continua forte no Algarve, com vários dos principais destinos da região a registar subidas dos preços das casas superiores a 20% no ano passado.

Os números do Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário dão conta de subidas homólogas dos preços no último trimestre do ano mais evidentes no Barlavento e na zona mais central do Algarve, de 21,5% em Lagoa, 22% em Silves, 23,6% em Portimão, 25,2% em Lagos e 28,4% em Loulé. Acima do patamar dos 15% ficam também Faro, com 16,3%, Tavira, com 14,4%, Albufeira, com 17,9%, e Olhão, com uma variação de 19,7%.

A par da maior valorização, Loulé tem também o preço médio de venda mais elevado do Algarve, de 2.737€ por metro quadrado, seguido pelos 2.530€ de Silves ou dos 2.432€ de Albufeira. E apesar de terem alguns dos preços médios de venda mais baixos da região, de 2.076€ e 2.113€, respetivamente, Portimão e Lagos foram dos que registaram maiores valorizações da habitação, seguindo, aliás, a tendência nacional de maior valorização de concelhos onde os preços da habitação são relativamente mais baixos.

Número de vendas subiu 6%

O número de transações também tem vindo a subir de ano para ano em todas as regiões analisadas pela Ci. Em 2022, foram vendidos 15.300 fogos na região do Algarve, mais 6% que no ano anterior. A maior parte das vendas diz respeito a moradias, num total de 10.703, e 4.597 são apartamentos. Entre regiões, as subidas das vendas variam entre os 4% em Tavira e os 7% em Silves.

Foi em Portimão que mais casas foram vendidas em 2022, num total de 2.476 fogos, quase todos eles apartamentos, 16% do total de casas vendidas no Algarve, seguido de perto pela quota de 15% de Loulé, com 2.361 casas vendidas, das quais 1.408 apartamentos. É a região onde mais moradias foram vendidas, num total de 953.

Por outro lado, a maior parte das 1.926 casas vendidas em Albufeira, com 14% da quota regional, são também elas apartamentos, num total de 1.529. Em Lagos, foram vendidas 1.442 casas em 2022, 9% da quota de mercado. Silves concentrou 1.243 transações, 8% do total.

No Algarve, o tempo médio de absorção das casas é de cerca de 6 meses, variando entre os 5 (Tavira, Olhão, Portimão, Faro e Lagos) e os 8 meses (Lagoa).

Um destino “value for money” em “excelente recuperação”

A par desta dinâmica do mercado residencial, também o mercado turístico do Algarve fechou o ano de 2022 em franca recuperação, depois de dois anos de grande impacto da pandemia, registando mesmo um ano de “excelente recuperação da atividade turística, depois dos piores anos de sempre”, testemunha Hélder Martins, presidente da AHETA, associação dos hotéis e estabelecimentos turísticos do Algarve. “Logo que foi possível trabalhar, o setor iniciou uma rápida recuperação, demonstrando que o turismo é uma atividade com muita resiliência e capacidade. Em vários meses, superamos os números homólogos de 2019 e no computo geral do ano ficamos muito próximos do total desse que foi o melhor ano turístico de sempre”.

Hélder Martins destaca também que o Algarve mantém “um conjunto de mercados turísticos tradicionais e fidelizados”, e também “um número impressionante de clientes que repetem, e isso é algo que nos orgulhamos”. Entre as novidades, estão o crescimento do mercado dos Estados Unidos, que “tem vindo a registar uma performance notável” no Algarve, apesar da ausência de ligações aéreas diretas. “Temos, no entanto, um constante trabalho de requalificação do destino e das suas unidades, com um grande enfoque na sustentabilidade”, alerta o responsável.

Segundo o presidente da AHETA, “os produtos turísticos principais do Algarve, são, por si só extremamente importantes para a decisão do cliente. O sol e praia, o golfe, as marinas, o imobiliário turístico, e muitos outros produtos são referência nacional e internacional. Hoje há novas tendências, como o ‘cycling and walking’, que atraem milhões de pessoas e, nesse campo ainda temos muito trabalho a fazer”. São novas tendências que podem ser um “fator importante no combate à sazonalidade”, mas “não basta ter bons percursos, é preciso ter infraestruturas de apoio a quem utiliza esses percursos”.

Certo é que “o Algarve é um destino turístico consolidado, onde o “value for money” é um dos fatores importantes, na decisão dos clientes. Como destino europeu, onde a qualidade e a segurança são peças chave no serviço aos clientes, decerto há um sem número de destinos mais baratos, mas quando analisamos o conjunto de todas as questões envolvidas, certamente muito turistas optam por destinos seguros”.

2023: mais um ano positivo, mas não sem desafios

Hélder Martins não esconde que as incertezas para o ano de 2023 são muitas, nomeadamente devido ao contexto de inflação generalizada e aumento das taxas de juro, o que pode retrair um pouco mais a procura turística. “Não prevemos que consiga superar 2022 mas, apesar da grande incerteza que hoje paira sobre a atividade, poderá ser um ano razoável”, diz o responsável, porque “vários países que são importantes emissores de turistas para o Algarve estão com graves problemas de inflação e outros, o que não facilita a motivação das pessoas para viajar, por falta de confiança no futuro”. Ainda assim, e numa nota de otimismo, “o nosso principal mercado, o Reino Unido, apesar de ser um dos países que está nessa situação, nunca deixou de viajar apesar das diversas crises”.

A estabilidade das empresas do setor turístico será um dos principais desafios para este ano, segundo a AHETA, que se levantam agora de dois anos “terríveis” de pandemia ainda com algum endividamento, apesar dos apoios do Estado. “É fundamental que as empresas, que sobrevieram à crise, possam estar preparadas para enfrentar o próximo ciclo”.

Por outro lado, “a questão da falta de recursos humanos é outro problema gravíssimo. É muito difícil fixar quadros, não só no turismo”, nomeadamente devido à falta de oferta de habitação. Mas também a concessão de vistos para trabalhadores imigrantes pode ser mais ágil, e tem problemas a resolver. E a questão fiscal “é outro dos problemas que necessitam de urgente solução. A elevada carga fiscal sobre as empresas e sobre as pessoas é o grande obstáculo à melhoria da qualidade de vida das pessoas. Estamos asfixiados e, apesar disso, temos vindo a proceder aumentos salariais expressivos. Desafiamos o governo a rever em baixa a carga fiscal e nós assumiremos o compromisso de realocar essa redução para aumentos salariais”, apela Hélder Martins.