Vendas de habitação recuperam, e animam expetativas dos profissionais

27/03/2024
Vendas de habitação recuperam, e animam expetativas dos profissionais

As expetativas dos profissionais do imobiliário sobre as vendas e a procura de habitação estiveram em baixa durante o ano passado, mas arrancam este ano com perspetivas significativamente mais animadoras. É o que mostra o mais recente inquérito de confiança ao mercado residencial português, o Portuguese Housing Market Survey (PHMS), realizado pela Confidencial Imobiliário em parceria com o RICS.

Depois da tendência predominante de compressão em 2023, os resultados de janeiro deste inquérito contrastam com os meses anteriores, com a maioria dos indicadores de mercado a apresentar uma melhoria, visível não só ao nível da atividade atual como das expetativas para a sua evolução.

Por um lado, os indicadores de procura e vendas registaram as maiores recuperações, regressando a terreno positivo após um longo período sob pressão. No caso da procura por parte de novos compradores, passou de um saldo líquido de respostas dos profissionais inquiridos de -30% em dezembro para +2% em janeiro, o que significa ter entrado em terreno positivo pela primeira vez desde 2022.

Quanto às vendas, no que diz respeito ao volume de vendas acordadas, este passou de -28% em dezembro para+2% em janeiro, o mesmo se verificando quanto às expetativas de vendas para os próximos 3 meses. Neste caso, o saldo líquido de respostas evoluiu de -19% em dezembro para +7% em janeiro.

Esta retoma da atividade é acompanhada por uma sustentação dos preços no momento atual e acaba por animar, de forma mais expressiva, as perspetivas quanto à sua evolução. Em relação ao momento atual, o saldo líquido de respostas quanto à evolução dos preços atingiu +4%, recuperando face aos -4% de dezembro.

No que toca às expetativas para a evolução dos preços a 12 meses, a inversão é bastante assinalável, com o atual saldo líquido de respostas de +28% a contrastar com o de -1% registado em dezembro. Na prática, os profissionais têm mais expetativas quanto a um possível aumento dos preços ao longo deste ano.

De acordo com o Portuguese Housing Market Survey, há uma tendência para a estabilização dos fluxos de novas instruções de venda, mas ainda assim mantendo-se em terreno negativo, atingindo-se um saldo líquido de -5% em janeiro.

“Há uma série de fatores a influenciar positivamente a procura e as expetativas quanto à sua evolução. Desde logo, a tendência positiva prevista para o crescimento da economia, desemprego e inflação, bem como a antecipação no corte das taxas de juro”, explica Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário. O especialista destaca que “apesar do momento de instabilidade política que atravessamos, muitos operadores consideram que este conjunto de fatores irá permitir uma recuperação progressiva da procura e que os compradores expectantes tomem as suas decisões de compra”. 

Mas alerta: “esta recuperação da procura continua, contudo, a ocorrer num cenário de falta de oferta de casas acessíveis ao rendimento das famílias, pelo que deverá ser um fator de aceleração dos preços a curto-prazo”.

Por sua vez, Tarrant Parsons, Senior Economist do RICS, frisa que “depois de um período prolongado de adversidade, a atividade do mercado imobiliário parece estar a recuperar, o que está correlacionado com o fortalecimento do desempenho económico do Portugal. As condições económicas a nível global também parecem estar a melhorar e isso deverá dar sustentação ao quadro económico nacional, esperando-se que o aumento do rendimento e do consumo ganhem tração no próximo ano”.