Luís Lima
Luís Lima
Presidente da APEMIP

Aeroporto jamais

16/03/2020

Infelizmente, já estamos habituados a assistir a incoerências e à inexistência de diálogo e de consensos, que são sintomáticos da qualidade da nossa democracia, mas impõe-se a exigência de responsabilidades pela tomada de decisões inconsistentes e inconsequentes, sobretudo em temas que exigem uma enorme ponderação política.

A questão do aeroporto é uma obra de grande escala absolutamente estratégica para a economia nacional, pelo que se torna obrigatório promover o esclarecimento sobre todas as questões inerentes à sua construção e implementação.

Há décadas que se ouve falar na construção de um novo aeroporto. Mesmo quando ainda não era indispensável, que já se falava da sua necessidade. Agora, que o Aeroporto da Portela não tem capacidade de resposta e está absolutamente desadequado e saturado, o tema do aeroporto continua nas páginas de jornal a gerar discórdia e discussão.

Para mim, enquanto cidadão, confesso não ter nenhuma opinião particular sobre onde deverá ser a sua localização. O que sei, é que se passam anos, com análises e estudos de viabilidade e que, quando se pensa que finalmente o projeto irá avançar, surge um recuo como o mais recente, promovido por uma desadequação na lei que permite que uma só autarquia possa pôr em causa uma infraestrutura de caracter nacional.

Discute-se então a necessidade de alteração desta lei, em que o partido que iniciou as negociações daquela solução assume votar contra. Neste período, o diálogo entre Governo e autarquias parece não existir.

E assim se vai andando, o que é bem revelador do Estado da política nacional e que se traduz em hesitação. Tudo é uma constante hesitação. Avança-se e recua-se com a mesma rapidez, sem avaliar as consequências das medidas previstas ou complementadas, num contexto estratégico nacional.

Temos agora uma oportunidade para desatar um nó que tem décadas e que dezenas de localizações previstas e propostas. Se o consenso não se gerar agora, teremos garantidamente mais um bons anos pela frente de avaliações, análises e estudos de novas propostas, que a avaliar pelo padrão, nunca chegarão a sair do papel. E tudo isto custa dinheiro. Muito.

Num panorama em que o sector do turismo é fundamental para a economia nacional, com uma percentagem relevante no PIB nacional, é absolutamente elementar que o País tenha condições para dar respostas a todas solicitações, o que atualmente não acontece.

E os partidos e Governo, deveriam ser os primeiros a estar cientes da responsabilidade que têm em mãos, sobrepondo os interesses nacionais às quezílias partidárias. Tem que haver seriedade no debate e na tomada de decisões.

De outra forma, novo aeroporto? Jamais…