Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

O apelo à convergência

27/01/2021

Muitas ilações haverá a tirar dos resultados desta eleição mas, políticas aparte, é momento de o País se concentrar no combate à crise pandémica que, aliada à situação económica e social que se tem vindo a deteriorar no último ano, continuará a ser decerto um dos principais desafios que o Presidente terá pela frente.

No seu discurso de vitória, Marcelo assinalou a necessidade de estabilidade, convergência e justiça social, e o papel que desempenha é fulcral, não só para promover estes pontos, como para os exigir ao Governo, mas também aos líderes e partidos da oposição.

O momento é de emergência e não de guerras mesquinhas de culpabilizações que não fazem mais do que descredibilizar a classe política.

De que adianta agora discutir se deveria ou não ter havido Natal (que foi aprovado por todas as forças políticas, numa altura em que todos os portugueses conheciam bem as formas de transmissão do vírus...), que contributo dará essa discussão para a resolução da situação absolutamente catastrófica que se vive no País, com um sistema de saúde a colapsar e a não conseguir dar resposta aos cidadãos?

É absolutamente fundamental que seja privilegiado o diálogo entre o Governo e os partidos, em prol da união nacional e da defesa dos cidadãos e da economia. É urgente que haja uma comunicação de todas as partes, para que se combata chamada “fadiga pandémica” que tem assolado os portugueses, a quem é cada vez mais difícil exigir que cumpram as regras de confinamento, garantido assim o autocuidado e o respeito pelo outro, para que consigamos achatar finalmente esta curva que tem crescido dramaticamente de dia para dia.

Não se pode admitir que haja espaço para aproveitamentos políticos neste cenário em que, quem Governa o faz numa panorama nunca antes visto. Decerto todos temos a nossa opinião, concordando e discordando das decisões tomadas. Algumas delas poderão até não ter sido as melhores, mas há que haver tolerância por quem conduz o barco em mares nunca antes navegados.

Recordo que, quando no ano passado de falava de um “milagre português” a imprensa nacional e internacional realçava a solidariedade e união que Governo e oposição conseguiram granjear, mas a fadiga pandémica parece também ter atingido o espetro político nacional, para benefício de ninguém.

Se olharmos para o exterior, para países como o Uruguai, por exemplo, veremos que a união política faz a força e conduz a melhores resultados.

Marcelo tem pela frente não só o desafio da pandemia, mas também responsabilidade de exigir estabilidade e que as decisões sejam tomadas pelo poder político de forma segura, num ambiente de convergência, e não à mercê da opinião pública e de discussões partidárias.

Só assim haverá condições para ultrapassar este desastre sanitário e, a seguir, tratar de relançar a nossa economia.