Francisco Campilho
Francisco Campilho
Presidente da Comissão Executiva da VICTORIA Seguros

Atentos em 2022

19/01/2022

A evolução do risco pandémico, o quadro demográfico e os primeiros passos do 5G no nosso país são temas a que deveremos estar atentos em 2022.

Evolução do risco pandémico. A nova vaga que se estende a todos os países vai perturbar, e muito possivelmente prolongar, alguns dos impactos nas cadeias logísticas ao nível dos mercados internacionais, acentuando, por exemplo, a escassez de materiais. A regularização da oferta de materiais de construção esperada para 2023 poderá, assim, ser adiada mais alguns meses, afetando preços e prazos de entrega de novos empreendimentos ou reabilitações. Os efeitos ao nível da inflação geral parecem estar a ser considerados como mais persistentes do que inicialmente previsto, o que já está a ter impacto no comportamento ascendente das taxas de juro. Deveremos assim estar atentos aos consequentes constrangimentos orçamentais que poderão, por sua vez, levar a opções de uma evolução menos favorável do enquadramento fiscal, com efeito também ao nível da atratividade do investimento imobiliário internacional.

No entanto uma questão é certa, a persistência do risco pandémico torna cada vez mais relevante não só a necessidade de otimização dos edifícios como também os processos de qualificação “saudável” de edifícios residenciais ou de escritórios, como o que é gerido pela unidade de medicina exponencial da NOVA Medical School em colaboração com a APPII e a VICTORIA.

Quadro demográfico. A apresentação e discussão pública dos resultados do último Censos vai contribuir para uma maior consciencialização dos desafios que temos pela frente, e da melhor forma de endereçar as várias soluções para os resolver e até inverter tendências. As projeções feitas para o envelhecimento da população deverão traduzir-se na necessidade de revisão da forma como é atualmente organizada a vida e residência dos mais velhos. Estes últimos dois anos vieram também contribuir para o conhecimento dos inúmeros problemas com que os lares de terceira idade se defrontam. Uma cidade organizada por forma a garantir a autonomia, mas também o acesso aos cuidados de saúde torna-se uma exigência a que teremos de responder nos próximos anos. Por outro lado, uma cidade que permita tornar próximos e acessíveis os equipamentos escolares, comerciais, culturais e de trabalho será também uma cidade onde será mais fácil viver e constituir uma família. Este é um dos pontos que poderá contribuir para a inversão da tendência da baixa taxa de natalidade e para o qual a nossa atenção deverá estar dirigida.

Os primeiros passos do 5G. Vamos ter neste ano a implementação das redes móveis 5G, o que nos permitirá ir tendo acesso a toda a gama de vantagens que nos foi e irá ser publicitada, à medida da sua extensão territorial e da disponibilidade de aparelhos que consigam explorar o potencial desta tecnologia. Da “internet das coisas” em que os mais variados objetos do nosso quotidiano passam a estar ligados à rapidez da transmissão de dados, da precisão da localização à otimização do trânsito passando pelos veículos autónomos, dispositivos médicos à distância e assistentes digitais, tudo parece indicar que a organização da nossa vida se vai alterar de forma considerável. Serão não só os objetos que temos dentro de casa, como as próprias casas que terão uma estrutura diferente: as casas “inteligentes”. Por outro lado, a velocidade de dados vai permitir que o teletrabalho seja ainda mais potenciado. E eventualmente a deslocalização para o interior (dependendo da extensão da rede) se torne cada vez mais uma realidade.

Estas são três das tendências/temas que deverão merecer o nosso acompanhamento no ano que acaba de começar, mas existem outras igualmente importantes que irei desenvolver em próximas oportunidades.