Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Auditar a eficácia

15/07/2020

A opção pelo trabalho remoto está a transformar-se numa alternativa laboral definitiva para diversos agentes económicos, entre os quais o próprio Estado, que estima que até ao final da atual legislatura, 25% dos trabalhadores da função pública se mantenham neste regime, conforme está previsto no Programa de Estabilização Económica e Social.

Não sou contra o alargamento da prática do teletrabalho, reconheço que haverá casos em que poderá ser benéfico para as partes, mas confesso que a extensão desta modalidade em serviços públicos que, já antes da situação pandémica, se revelavam excessivamente burocráticos e ineficientes, me preocupa, pois apesar do esforço da digitalização dos procedimentos que tem vindo a ser feito, este tem-se revelado mais eficaz no plano teórico do que no plano prático.

Enquanto dirigente associativo, tenho recebido inúmeras comunicações por parte de empresas associadas que reportam situações de atrasos inadmissíveis no acesso e funcionamento dos serviços públicos, que muitas vezes podem comprometer negócios que estão em marcha e que têm prazos a ser cumpridos.

A título de exemplo, surge diversas vezes a reclamação de que é impossível fazer agendamentos de atos, que obrigam à sua marcação prévia por via telefónica, devido ao facto de nunca ninguém atender os telefones.

Houve uma redução da emissão de registos e certidões, e a burocracia e as dificuldades em conseguir respostas por parte de institutos públicos que, já eram bem conhecidas de todos nós bem antes da crise pandémica, acentuaram ainda mais os atrasos e os problemas existentes o que, de alguma forma, faz revelar a necessidade de monitorizar e auditar o trabalho que é realizado nas diferentes repartições públicas, para que haja garantias de produtividade e eficácia nos procedimentos, pois a falta de agilização dos processos empata verdadeiramente o dia-a-dia das pessoas e das empresas levando muitas vezes a perdas de tempo e, consequentemente, a perdas de dinheiro.

Num contexto tão incerto como aquele em que vivemos, há que saber reconhecer as limitações existentes e procurar as melhores soluções para que a eficiência ser torne prioritária no contexto dos serviços públicos e dos seus trabalhadores, sobretudo daqueles que se tornam particularmente indispensáveis para dar seguimento ao trabalho de diversos setores da economia.