Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Boas decisões

07/10/2020

Foi em 12 de março que alertei pela primeira vez para importância de defender empresas e famílias evitando que as mesmas entrem em situação de incumprimento, pois desde logo compreendi que estávamos perante uma situação sem precedentes, em que seria necessária uma intervenção do Estado neste sentido, o que veio a acontecer pouco tempo depois.

Recentemente, o Governo aprovou o prolongamento das moratórias por mais seis meses do que havia sido previsto, pelo que se estendem agora até 30 de setembro de 2021, ao invés de 31 de março, permitindo assim a suspensão pagamento dos empréstimo bancários, para empresas e particulares, numa medida que só posso ver com bons olhos.

Considero que é imperativo que tenhamos presente que esta solução surge num contexto inédito, em que grande parte dos agentes económicos não consegue realizar normalmente a sua atividade, o que tem consequências óbvias no desempenho das empresas e, por inerência, na estabilidade laboral dos cidadãos, como temos comprovado com aumento dos níveis de desemprego que já se começaram a verificar. Atualmente, há já mais de 500 mil famílias a beneficiar de moratórias.

Neste momento tão atípico em que as incertezas sobre o dia de amanhã são tantas, todos os mecanismos criados para continuar a apoiar a recuperação económica de empresas e famílias aumentando a sua liquidez, são bem-vindos, como aliás também defende o Presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Fernando Faria de Oliveira, que aplaudiu igualmente o alargamento do prazo por mais seis meses.

Para o mercado imobiliário, poderia esta acaba por ser também uma solução benéfica, impedido que eventuais questões mais emocionais relacionadas com a gestão financeira das famílias leve as pessoas ao desespero e, consequentemente, à necessidade de vender os imóveis com relativa rapidez, o que poderá ter impacto numa eventual desvalorização do património construído.

Metaforicamente falando, costumo referir que estas moratórias são como os ventiladores. Se estivermos infetados, poderão ser a nossa salvação. Ainda que não salvem toda a gente ajudarão decerto alguns a conseguir sobreviver.