Está por demais identificado que se o Estado português organizasse uma task force para trabalhar na conversão dos seus ativos, seja em terrenos ou em edificações para habitação a custos controlados, contribuiria de forma significativa para resolver o problema da habitação. E entre estes, falamos de hospitais, terrenos, quartéis, institutos, que estão ao abandono ou desaproveitados. Bastava que o Governo se concentrasse em arranjar soluções, para termos disponíveis largas dezenas de milhares de fogos. A solução poderia também passar por concursos ou pela existência de financiamento, tanto para estas edificações que de falamos, como para a reabilitação de centenas de edifícios do Estado devolutos, existentes em todas as capitais de distrito, e onde quase nada foi começado. Da mesma forma, deveriam ser criados incentivos para que quem continua a investir na construção pudesse contribuir diretamente para o parque habitacional a preços controlados.
E os números são totalmente demonstrativos. Os números do INE da semana passada revelam que hoje se vendem menos casas, e mais caras. No segundo trimestre deste ano, os preços da habitação existente aumentaram 8,7% relativamente ao período homólogo. No mesmo período, o número de transações desceu 3,1% relativamente ao trimestre anterior. E sabemos que menos transações representam menos volume para a economia, menos pessoas a olhar para o mercado, e preços mais elevados.
Recentemente ouvimos um considerado líder mundial explicar que é muito importante as pessoas terem pouco dinheiro, desse modo têm de gastar o pouco que têm, o dinheiro “rola” muito mais, e assim se consegue que a economia cresça…Que susto! Precisamos de maior consciência nas decisões.
Conversar e refletir sobre as questões é indispensável para nos conduzir às soluções, mas estamos desde fevereiro a debater um assunto que não tem a perspetiva de gerar quaisquer soluções, mas antes, a perspetiva lamentavelmente contrária. E é o Estado quem tem na mão os instrumentos que permitem que as soluções aconteçam. Mas reflitamos sobre o que é concreto, e que nos deve realmente preocupar. A última coisa que os jovens que querem iniciar o seu projeto de vida, ou os portugueses que procuram casa e não encontram, precisam, é de conversas. O que precisam mesmo é de casas. No fundo, aquilo que é realmente necessário é passar à ação, e literalmente, começar a assentar tijolo, pois só mais casas poderão resolver o problema da habitação que vivemos hoje. Deixem-se de conversa.