Ora, o tema deste ano aponta alto: o desafio de criar cidades sustentáveis e inclusivas. Por um lado, ter-se-á mais uma oportunidade para refletir sobre o impacto do edificado (novo, reabilitado e existente) no ambiente; por outro, poder-se-ão analisar as hipóteses reais de colocar no mercado um nível suficiente de habitação que responda a todos os segmentos de procura.
Quanto ao programa detalhado, não podia ser mais interessante. Começa com a já inevitável menção do papel ou impacto que a inteligência artificial (incluindo o subconjunto de aplicações generativas com base em grandes modelos de linguagem) tem ou virá a ter em tudo o que se mexe, neste caso, no mercado imobiliário... seguida doutro tipo de inteligência (a das redes elétricas) ligada a um tema muito em voga e do maior interesse enquanto segurador (a mobilidade elétrica) e ao rol dos sensores e a internet das coisas nos edifícios mais eficientes e amigos do ambiente, na sua condição de transformadores sustentáveis das cidades. Numa descrição típica, poder-se-ia pensar que estamos perante a oportunidade de reflexionar sobre iniciativas que permitem melhorar o processo construtivo – reduzindo desperdício e pegada energética – e otimizar a gestão de recursos – monitorizando o desempenho real dos imóveis –durante o ciclo de vida completo dos edifícios.
E já que se fala no protagonismo do edificado como elemento forçoso na transformação sustentável das cidades, a melhor forma de avançar no programa é a de fazer referência ao impacto do BIM – como elemento basilar da avaliação de sustentabilidade, na sua condição de simulador integrado dos impactos do edifício – e à importância da digitalização – por via da utilização de ferramentas simples, impactantes, atrativas e financeiramente vantajosas – no atual processo da construção, reabilitação e adaptação energética dos edifícios novos e existentes.
Claro que o anterior vem claramente determinado pelas mais recentes políticas da taxonomia europeia de atividades sustentáveis e as suas exigências, aliadas à sua tradução em matéria de financiamento das novas intervenções em edifícios (preferência dos financiadores por atores que apresentam menor pegada carbónica) e materializadas nas certificações inerentes, todos assuntos na agenda do dia.
Já no que diz ao segundo eixo de desenvolvimento da sessão (habitação acessível), a COPIP volta à carga (à semelhança do ano passado), não somente com o que de melhor se faz no Porto e em Lisboa, mas, igualmente, com exemplos exequíveis provenientes doutras latitudes. Neste ponto, confesso a minha total ausência de objetividade, pois já escrevi neste espaço, por duas vezes, o quão meritório me parece o trabalho realizado pela via dos modelos de parcerias público-privadas em Madrid (Plan Vive). Repetindo-me: “O governo autonómico – que para além de garantir a segurança jurídica do programa procura a identificação dum modelo de negócio colaborativo interessante para os financiadores, os promotores e os construtores – leiloa o solo que não explora ativamente e os atores do mercado adquirem-no para construir habitação pública destinada ao arrendamento abaixo dos valores do mercado livre – favorecendo a construção industrializada e sustentável – ficando eles com a gestão do património.”
Então, o que acham da proposta desta quinta edição da COPIP? Bem atraente, como já é hábito, não? Eu, desde logo, mal posso esperar para ouvir, participar e aprender. Vemo-nos lá…