Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

Combater a desinformação é uma responsabilidade de todos

10/05/2023

É uma realidade crescente que prolifera na era da informação, com a crescente quantidade de informação que nos chega e da cada vez maior diversidade de canais através dos quais é disseminada. Por isso, é hoje essencial sermos mais responsáveis e mais exigentes com a informação que nos chega e que consumimos. E isto começa, desde logo, com a informação que produzimos e geramos, já que qualquer pessoa ou entidade ou pessoa que produz e representa informação, pode estar a criar desinformação. 

Se temos objetivos claros e não somos exigentes relativamente aos caminhos que escolhemos seguir e à multiplicidade de possíveis soluções, e decidirmos ficar pela rama de determinadas campanhas de desinformação, é incrivelmente fácil estarmos a contribuir, sem saber, para essa mesma desinformação. Veja-se o caso do setor imobiliário em Portugal, que tem hoje grandes desafios de informação. Este desafio está associado a objetivos muito pragmáticos e concretos: passam por podermos minimizar e superar, num espaço de tempo adequado, a dificuldade que hoje tantas e tantas pessoas têm em aceder a uma habitação digna. 

Vejamos, por exemplo, o tema do arrendamento coercivo. Aquilo que facilmente se entende, é que este mecanismo cumpre muito bem o objetivo de passar o dado de que são precisas mais casas, mas é incapaz de se materializar em qualquer tipo de solução efetiva. Já no caso dos vistos Gold, a informação sobre o tema diz-nos que estes devem acabar porque criam especulação, encarecem as casas e tornam-nas inacessíveis para grande parte dos portugueses. O que cumpre muito bem a missão de desinformação, pois se pararmos para pensar, sabemos que os vistos Gold representaram na última década apenas 0,6% das transações. Ou seja, facilmente conseguimos concluir que não representam qualquer solução no que tem a ver com preços e mercado, e vão impedir o país de receitas tão relevantes e tão importantes para a nossa economia, mas cumprem com o anúncio desejado, de que as casas estão mais caras por causa dos vistos Gold.

Hoje, a informação de confiança requer mais rigor, mais exigência. Quantas pessoas se dedicam a tecer as suas opiniões, comentários sobre determinados assuntos sem os conhecerem, lendo apenas o título de uma notícia, e utilizando, por exemplo, as suas redes sociais para disseminar informação enganosa? Sem se aperceberem, estão a alimentar essa desinformação. É urgente que a informação que é produzida tenha um relevante objetivo: a mensagem essencial que se quer passar, as metas e os obstáculos, e acima de tudo, como é que estes podem ser ultrapassados.

Infelizmente, sabemos que as sociedades menos desenvolvidas do planeta são aquelas onde a informação não tem qualquer rigor, mas praticamente em todo o mundo há muita informação e o nosso nível de informação não vai depender do acesso nem da quantidade, vai depender sim do rigor e da qualidade da informação que gerimos e que transmitimos. A informação deveria representar apenas uma grande vantagem para as sociedades, mas perante o inimaginável número de fontes de informação e canais através dos quais esta é consultada, o risco da desinformação é cada vez mais real. Por isso, combater este fenómeno é imperativo, e sobretudo, é uma responsabilidade de todos.