Paulo Nogueira
Paulo Nogueira
Coordenador de Transição Energética da ADENE

Combater a pobreza energética identificando as comunidades mais vulneráveis

05/07/2023

Apresentamos alguns exemplos de ações e medidas que podem ser implementadas para enfrentar a pobreza energética de forma eficaz, como por exemplo, a identificação do problema e a consciencialização. Neste caso é fundamental identificar as comunidades e os grupos populacionais que estão mais vulneráveis à pobreza energética. Isso pode ser feito através de pesquisas e análises de dados para entender os padrões de consumo de energia, os níveis de rendimento e as condições socioeconómicas das famílias. Além disso, é importante consciencializar as pessoas sobre os direitos e recursos que estão disponíveis para combater a pobreza energética.

Outras ações que são necessárias passam por garantir a todas as famílias os serviços básicos de energia. Isso inclui fornecer eletricidade confiável e acessível, bem como soluções alternativas para comunidades que não têm acesso à rede elétrica, como sistemas de energia solar doméstica e soluções de autoconsumo, como o ACC (Autoconsumo Coletivo) e as CER (Comunidades de Energia Renovável).

Assim, a ADENE, enquanto Agência Nacional de Energia, realizou a segunda conferência “Pensar a Energia” sobre Pobreza Energética, no município de Mirandela, que contou com a presença de vários oradores com experiência relevante sobre o tema, onde os tópicos e soluções já mencionados foram abordados. João Pedro Gouveia, Investigador do CENSE salientou a importância de conhecer e monitorizar as famílias em situação de pobreza energética, bem como direcionar os incentivos da melhor forma para estas famílias. Maria José Vicente da EAPN Portugal focou a importância de acompanhar estas famílias e Carlos Santos da RNAE destacou o papel que as Agências de Energia podem ter na identificação das situações mais problemáticas, bem como na contribuição para mitigar o problema. No segundo painel, há a destacar algumas ações já no terreno, como a comunidade de energia inclusiva de Bicesse, que junta uma creche e providencia energia a 20 famílias carenciadas, projeto promovido pela Santa Casa da Misericórdia de Cascais, conforme referido pela provedora Isabel Miguens. A fundação Calouste Gulbenkian, representada por Sara Pais, mencionou o projeto "Ponto de Transição” que acompanha esta temática no Distrito de Setúbal e finalmente a Agência de Energia do Porto, com a presença de Ricardo Barbosa, abordou o inquérito realizado sobre pobreza energética no município, que permitiu identificar as zonas problemáticas e criar um plano para as mitigar.

Houve uma concordância por parte de todos os presentes, que a educação e a formação desempenham, igualmente, um papel vital em todo este processo. Assim, uma abordagem integrada que considere também outras necessidades básicas como habitação digna, saúde e educação são fundamentais para enfrentar a pobreza energética de maneira eficaz e assertiva.