Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Como travar a bola de neve?

25/11/2020

Apesar de haver setores económicos que estão a sofrer mais diretamente as consequências da crise pandémica, devido às restrições de circulação que têm vindo a ser impostas, tal não significa que não haja outros que estão igualmente a enfrentar grandes dificuldades na tentativa da mitigação dos prejuízos decorrentes da COVID-19.

A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), que a APEMIP integra e da qual sou também vice-presidente, alertou recentemente para os obstáculos que as empresas de comércio e serviços estão a enfrentar em Portugal, apelando à necessária introdução de reforços às medidas de apoio previstas.

Este alerta veio acompanhado de uma estimativa preocupante: a CCP prevê que seriam necessários 10 a 15 mil milhões de euros para aliviar os danos provados pela pandemia no tecido empresarial, e que na ausência de novas soluções, uma em cada cinco empresas irão encerrar já em Janeiro do próximo ano. Na melhor das hipóteses.

Como tal, apresenta um conjunto de sete medidas de apoio que poderiam ser adotadas pelo Governo, por forma a aliviar as condições dos empresários, promovendo desta forma a sua sustentabilidade e consequentemente a garantia da manutenção de, pelo menos, alguns postos de trabalho.

Os agentes económicos exaltam-se e alarmam-se com a expetativa de uma nova frenagem que não tem data para o seu término. Muitas empresas, as que ainda não sucumbiram às arduidades impostas pela pandemia, estão verdadeiramente a lutar pela sobrevivência numa segunda vaga que se prevê mais difícil que a primeira.

No imobiliário, a incerteza vai adiando investimentos. Muitos proprietários, sobretudo os de ativos comerciais, deixaram de receber as suas rendas, devido às dificuldades sentidas pelos seus inquilinos. Muitos destes não têm outras fontes de rendimento.

A bola de neve adensa-se. Bem sei que nenhum País ou Governo estava preparado para lidar com uma crise desta natureza e admito que o papel que os nossos Governantes estão hoje a desempenhar é ingrato e provavelmente um dos maiores desafios de que haverá memória, sendo também por isso particularmente importante que haja um sentido de Estado e de união nacional.

Tem-se assistido à discussão e ao debate sobre tantos fait-divers, que me custa a compreender que, perante esta situação inédita o foco não seja só e apenas a sanidade dos cidadãos e da nossa economia.

E ainda há muito por fazer.