Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Confinamento V.2.0

23/09/2020

O Presidente da República veio já tentar descansar os cidadãos dando nota de que estará a ser preparado um plano com vista a evitar que seja necessário decretar o confinamento total e um eventual regresso ao Estado de Emergência como o que vivemos no final de março e abril deste ano.

Também o Primeiro-Ministro já revelou que a Economia não conseguirá aguentar um novo confinamento, recordando os custos que este teve para a economia nacional e para emprego, e adiantou que esta não será a solução para combater a pandemia.

Para os cidadãos, a situação permanece instável, ainda que de forma assimétrica. Efetivamente, o impacto do confinamento na população foi desigual. Para alguns nada mudou, para outros significou apenas uma mudança dos hábitos laborais que passaram a ter lugar a partir de casa, mas para muitos refletiu-se num abrandamento da atividade, redução do trabalho e até mesmo o despedimento e/ou falência.

O verão e o habitual período de férias (que esteve maioritariamente assente no turismo doméstico), ajudaram a reduzir o efeito psicológico do covid no dia-a-dia das pessoas e famílias, mas não foi suficiente para atenuar a realidade, e os efeitos fazem-se ver, e bem, nesta rentrée.

Com o outono a começar e com o inverno à porta, chega também a ameaça da gripe, com sintomas similares aos do COVID, o que acabará por lançar o pânico junto dos cidadãos. As boas-novas sobre a existência de uma vacina depressa se tornam desapontamentos com os testes a revelar efeitos secundários indesejáveis. A ciência não garante uma vacina eficaz a curto prazo, e a economia vai revelando os sinais de uma situação inédita para a qual não há uma resposta eficaz.

Estima-se portanto que continuem a ser necessárias e indispensáveis medidas de proteção dos sectores mais afetados pela crise, que devem passar por lay-offs e moratória de crédito.

A nós, enquanto cidadãos, resta-nos a obrigação de termos a responsabilidade e o bom senso de cumprir e fazer cumprir as regras de higiene e segurança que nos são impostas. Por mais aborrecido ou incómodo que possa parecer o uso de máscara, não será decerto pior do que as consequências nefastas que o seu não-uso poderá disseminar.

Ao facilitarmos e ignorarmos as medidas que nos são impostas, pomos em risco a nossa saúde, a saúde dos outros e a situação financeira e laboral de muitas famílias.

Direta ou indiretamente todos seremos vítimas desta pandemia, e o melhor é que cada um de nós possa fazer o que lhe cabe para evitar o pior. O comum pensamento de que “só acontece aos outros” não poderia ser mais absurdo num período em que, de forma mais ou menos acentuada, toda a gente sente na pele os efeitos do Covid.

Nada será mais eficaz que o civismo e que o cumprimento de todas as recomendações necessárias para evitar uma versão 2.0 de um confinamento forçado.