Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

Constantes desafios

17/06/2020

Durante a implementação do Estado de Emergência vimo-nos impedidos de dar seguimento ao normal funcionamento das nossas empresas, de fazer visitas a imóveis com os nossos clientes, e consequentemente, de realizar negócios.

Esta foi e é a realidade da grande maioria do mercado, que nos tem vindo a ser transmitida através dos inquéritos telefónicos e on-line que realizamos às empresas, e também das centenas de e-mails de que profissionais do sector me foram enviando a dar conta do seu ponto de situação.

Foi esta a realidade que sempre optei por transmitir aos media: com um discurso realista, sem ser alarmista.

Esta estratégia foi assumida para evitar capas de jornais ou aberturas de telejornais que propagavam de alguma forma o pânico, como os que vimos na altura da Troika, em que dia sim dia não os dados das dações e as quebras das transações faziam manchete nos media.

Não adianta branquear a realidade com a veiculação de mensagens irrealistas, quando no terreno não é esse o sentimento geral das empresas.

Por isso opto sempre por assumir as dificuldades que todos estaramos a sentir, e que se refletirão na quebra do número de transações. Uma quebra que tem uma justificação que é plausível e está aos olhos de todos: fomos assolados por uma crise pandémica, que mexeu com a segurança e estabilidade das famílias e investidores, e que nos impediu de fazer o nosso trabalho normalmente.

Claro está que no mercado houve entidades com outro tipo de discurso, no sentido da promoção das visitas virtuais, de vendas de imóveis em planta, ou outras alternativas que lhes permitiram manter o volume de negócios, mas a exceção confirma a regra, e infelizmente, a regra para a grande maioria das empresas não foi esta. De acordo com o um inquérito que a APEMIP realizou a cerca de quatro mil empresas de mediação, 81.1% declararam ter sentido uma quebra do seu volume de negócios face ao período homólogo.

Não adiantaria ter um discurso diferente, descontextualizado daquela que era, na minha ótica, a realidade do mercado, uma vez que, mais cedo ou mais tarde, este discurso seria desconstruído pelos números, o que geraria um problema de credibilidade sobre a imagem que queremos e devemos transmitir ao sector.

O imobiliário é um negócio que se rege sobretudo pela confiança, e o nosso papel é garanti-la com o máximo de transparência.

Quero com isto reforçar que o meu papel e discurso enquanto Presidente da APEMIP e representante da classe e do sector, será sempre de verdade e sobretudo de realismo, pois só assim trilharemos o caminho da credibilidade.

É esta credibilidade que nos permitirá assegurar que o imobiliário voltará a ser uma força motriz da economia, pois não há nenhuma justificação para que haja uma desvalorização do património construído, sobretudo nos segmentos médio e médio baixo, em que a oferta continua a escassear. De acordo com o inquérito realizado pela APEMIP, 83.9% das empresas revelam que no mês de maio os preços se mantiveram. As descidas registadas, não são mais do que ajustes a preços que estavam acima do valor de mercado.

Saibamos adaptar-nos aos novos paradigmas de mercado e conseguiremos garantir a nossa sobrevivência, enfrentando, uma vez mais, os desafios que se colocam no nosso caminho.