Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

As constatações de 2022 e as incertezas de 2023

07/12/2022

2022 veio demonstrar aquilo que alguns ainda duvidavam. A forte "resiliência" do Imobiliário (a palavra tornou-se moda, mas nunca foi mais ajustada...).

Não obstante as consequências de uma pandemia prolongada e sem precedentes, do eclodir de uma devastadora guerra na Europa Oriental, do despontar de uma inflação como já não se conhecia há mais de três décadas, de uma abrupta subida das taxas de juros, o imobiliário aí está, como ativo perene, seguro, confiável.

Findo 2022, os ativos imobiliários não perderam valor, e são encarados pela grande maioria da população e dos investidores como uma aplicação de refúgio e com potencial de valorização.

Há quem diga que “quando se compra um imóvel, é como que adquirir um pouco do Planeta…”. A generalidade das pessoas tem noção que a compra da casa é uma aplicação segura, preservada e com potencial de valorização.

Se se perguntar a qualquer pessoa o que faria se ganhasse o Euromilhões, a resposta é quase unânime, mesmo atendendo às diferentes classes sociais: "Comprar uma casa". Ou porque não tem; ou porque quer uma melhor, mais ampla, confortável e valiosa... Desejo que, na generalidade dos casos, é extensivo aos filhos, como forma de lhes assegurar o futuro.

Outra constatação que 2022 nos trouxe é a de que Portugal é um país muito interessante, atrativo e sedutor. Um destino cada vez mais no Top, por muitas e variadas razões, desde o clima, à gastronomia, da hospitalidade, às praias e natureza, à qualidade do ensino e aos cuidados de saúde. Isso traduziu-se num interesse crescente por parte de muitos estrangeiros, das mais diversas nacionalidades, de nos visitarem, de nos conhecerem e, quantas vezes, aqui adquirirem casa.

A descoberta do Portugal profundo

O ano de 2023 trará seguramente a concretização no terreno das políticas de habitação para aqueles que dela precisam. O PRR e os fundos comunitários irão permitir o arranque efetivo de construção de habitação destinada às classes de mais baixos rendimentos e à classe média por parte do Estado central e dos municípios.

Deveria trazer – mas não é certo... - a negociação e aprovação de um pacote legislativo eficaz e estável para o arrendamento, para que os muitos proprietários de imóveis possam, com tranquilidade e segurança, colocar as suas casas no mercado e auferir a contrapartida financeira justa por esse serviço.

Uma outra possibilidade que podemos já antever em 2023 e, seguramente, para os anos seguintes, é a descoberta do Portugal profundo por parte de nacionais e estrangeiros.

Os centros históricos de Lisboa e Porto têm, atualmente, uma oferta de casas muito escassa e os preços atingiram preços muito elevados e estáveis. Com as possibilidades abertas pelo trabalho online à distância, novas e mais baratas localizações - preservadas e não descaracterizadas – vão ser disputadas. A começar pelas capitais de distrito.

Porquê Lisboa ou Porto e não Vila Real, Castelo Branco ou Beja..? Os portugueses, se as conhecem, não lhes prestaram atenção ou andam distraídos; e os estrangeiros vão ter uma agradável surpresa...