Esse contributo assume muitas formas e, no caso do Setor da Construção e do Imobiliário compete-lhe, no imediato, e à semelhança do que se passa na generalidade das economias, manter-se em atividade, assegurando, não apenas, a continuidade de obras essenciais para o País e que não podem parar, como, também, disponibilizar toda a sua capacidade operacional para que possamos manter os nossos edifícios e infraestruturas seguros e saudáveis.
É certo que, as caraterísticas intrínsecas do Setor, aliadas a um grande esforço de organização desenvolvido pelas empresas, permitiram que tenha sido possível responder ao repto lançado pelo País. E, reconhecidamente, a resiliência da Construção e do Imobiliário têm-se traduzido pela positiva ao nível económico, estimando-se que, em 2020, a produção tenha apresentado uma variação positiva de +2,5%, acima das estimativas formuladas no início do ano.
Numa altura crítica em que, por força da situação excecional que vivemos, é necessário, mais do que nunca, apoiar a economia, o papel do Setor tem-se revelado de uma enorme importância. Aliás, mesmo na fileira da Construção e do Imobiliário, são muitos os exemplos de atividades que estão a ser profundamente afetadas, como é o caso das empresas que se dedicam à construção e montagem de stands e à prestação de serviços no âmbito da realização de eventos e que necessitam de ser apoiadas.
Porém, é também necessário preparar o País para suportar um ano de 2021 que não está a arrancar da melhor forma. A Construção e o Imobiliário foi assumida, na Europa, como um instrumento prioritário para reativar a economia e Portugal tem de acompanhar essa aposta. Os recursos do Portugal 2020, têm de ser rapidamente mobilizados, colocando-se no terreno inúmeros projetos que já foram planeados ou, mesmo, objeto de concurso, e o Plano de Recuperação e Resiliência, terá de ser uma realidade ainda este ano. Recordo, dos 12,9 mil milhões de euros em subvenções esperadas, 34% corresponderão a investimentos em construção e, consequentemente, a uma oportunidade de manter e criar postos de trabalho, absorvendo a mão-de-obra de atividades mais afetadas pela pandemia que, infelizmente, ainda vão demorar algum tempo até regressarem à esperada normalidade.
Mas, reconverter recursos humanos, capacitar empresas e formar profissionais em áreas que, claramente, vão ser necessárias, como muitas das especialidades técnicas da construção onde, já hoje, as empresas têm carência de trabalhadores, não é imediato. O realinhamento da Formação Profissional com as necessidades do mercado e o apoio ao investimento na capacitação das empresas portuguesas, assegurando o seu correto posicionamento perante a concorrência externa, são tarefas prioritárias. Construir a nossa saída desta crise é uma prioridade que não pode ser adiada.