Luis Lima
Luis Lima
Presidente da APEMIP

De curta para longa duração

27/05/2020

Soubemos distinguir-nos dos outros inovando, mas respeitando a essência do que é ser português, através da promoção de rotas como a do Golf, Surf, Gastronomia, Vinhos, Monumentos, praia, campo, religião, entre muitas outras, que trouxeram ao nosso País estrangeiros de todo o mundo, de todas as idades e de todas as classes sociais.

Não foram poucos os negócios que se criaram para dar resposta a elevada procura, muitas vezes promovidos por jovens empreendedores que resolveram criar o seu próprio emprego.

Com um empurrãozinho da legislação e da proliferação de plataformas como o Airbnb, o Alojamento Local (AL) foi um dos negócios que mais terá crescido, dando também um importante contributo para a reabilitação e regeneração das cidades, que se apresentam hoje de cara lavada e mais seguras.

Foi criado um ciclo económico: o fluxo turístico e o investimento imobiliário, beneficiaram setores como a construção, comércio, hotelaria, cultura, entre muitos outros. Foram o “petróleo e ouro” do País, pela multiplicação de investimento que geraram, com efeito no aumento da receita fiscal.

Mas o COVID-19 trocou as voltas ao turismo e apesar do bom desempenho nacional a nível sanitário, o receio está cravado em grande parte da população mundial. São poucos os que se disporão a aventurar-se em viagens e turismo, perante uma crise pandémica que ainda ninguém sabe como se irá comportar.

Perante este tsunami, o futuro do AL adivinha-se negro.

Neste panorama, as Autarquias de Lisboa e Porto, por exemplo, surgem com alternativas com o intuito de dirigir estes ativos para o arrendamento de longa duração, numa solução que é aquela em que eu mais acredito, e que tenho inclusive aconselhado a quem me questiona sobre o que fazer.

No caso da autarquia de Lisboa, o lançamento do programa Renda Segura, chega na hora H, e vem tentar dar resposta aos problemas habitacionais dos jovens e da classe média/média baixa.

Desde o primeiro momento que apoiei esta solução, que vem sendo desenhada desde o Verão passado, em articulação com os agentes do sector, e que prevê que a autarquia arrende imóveis devolutos, disponíveis no mercado de compra e venda e de arrendamento ou em regime de AL, oferecendo benefícios fiscais aos proprietários, e subarrendando estas casas posteriormente, por via do programa Renda Acessível.

A alternativa do arrendamento de longa duração pode e deve ser considerada pelos empresários do AL, perante um futuro que neste momento se apresenta como um verdadeiro ponto de interrogação.

E este deve ser também um mercado a trabalhar pelos mediadores imobiliários, pois se há algo que aprendemos com a anterior crise, é que para sobreviver nos devemos adaptar aos novos paradigmas.

Temos o dever e a obrigação de promover as melhores soluções para quem nos procura e de defender um mercado imobiliário são, e que dê resposta às necessidades habitacionais dos cidadãos.