Este espetáculo, por mais cativante que seja, não deveria ofuscar a importância das propostas que temos em cima da mesa. Algumas delas, têm o potencial de mudar significativamente o curso das nossas vidas, especialmente aquelas relacionadas com questões capitais, como a saúde, a educação, a habitação, a justiça entre tantas outras, que afetam diretamente o dia a dia das pessoas.
É crucial refletirmos sobre o lugar adequado para o debate político. Será que devemos relegar as propostas que moldam o nosso futuro para segundo plano e deixar emergir um novo domínio, muito mais próximo do entretenimento? Esta é uma questão que todos devemos ponderar com atenção.
Enquanto a sociedade se concentra em determinar quem vence os debates, há muitos aspetos que permanecem negligenciados. Poucos são os que se debruçam sobre as propostas com o devido detalhe e principalmente com a explicação de como poderão ser executadas.
Têm sido ignorados temas cruciais para a vida de todos. As consequências das mudanças climáticas, o impacto da inteligência artificial na nossa economia, a consequência das redes sociais na perceção da informação, os desafios de uma população envelhecida, os efeitos da conversão energética, a qualidade alimentar ou a defesa da Europa perante novas ameaças, são assuntos que, para os nossos candidatos a governantes, parecem não ter grande importância. Só isso poderá justificar o facto de nem sequer os terem trazido à discussão.
Este silêncio é preocupante. Num mundo em rápida transformação, onde desafios complexos exigem soluções igualmente complexas, a falta de discussão sobre o "como" é igualmente alarmante. De que forma serão implementadas as medidas propostas? Esta é uma pergunta que não pode continuar a ser ignorada.
Enquanto nos entretemos com o espetáculo político, não podemos perder de vista a substância por trás das promessas vistosas e não podemos deixar de estranhar a ausência de temas cruciais para as nossas vidas. Precisamos de exigir um pouco mais do que a retórica cativante.