Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O Estado da Nação não pode ser diferente do estado das pessoas

26/07/2023

Por isso, os nossos governantes têm de ter cada vez mais cuidado de assegurar que, quando falam do Estado da Nação, são capazes de falar em algo que reflita, realmente, o estado da generalidade das pessoas. Pois de nada nos serve nos falarem de um determinado estado da nossa nação, se a generalidade das pessoas não se revê nessa descrição.

Em termos de crescimento económico, aquilo que é realmente relevante para cada pessoa é o seu desenvolvimento económico. Por esta lógica, se cada pessoa sentir que tem mais poder aquisitivo, porque as suas economias individuais melhoraram, seguramente o Estado da Nação, do ponto de vista de desenvolvimento económico, estará melhor. No caso do imobiliário, sabemos que há muitas pessoas para as quais a habitação constitui, hoje, um grande obstáculo à sua estrutura de vida e perspetiva familiar. Mas só com a economia a crescer é que as pessoas conseguirão ser mais bem remuneradas, para terem acesso a bens com mais facilidade. Por outro lado, só com a economia a crescer é que o nosso Estado terá recursos financeiros para poder intervir onde deve intervir, por exemplo, não baixando o preço das casas de forma generalizada, mas intervindo para que haja segmentos de oferta com preços reduzidos, para que quem não pode pagar outros valores, possa aqui encontrar soluções.

No caso dos jovens esta urgência é ainda maior. Porque é que todos os anos saem de Portugal milhares de jovens, os ativos mais significativos da nossa Nação? Neste ponto, a habitação é um dos fatores mais importantes para os reter, por isso se torna imperativo encontrar soluções habitacionais que se coadunem com os seus rendimentos. Quando um jovem que se licenciou em Portugal toma a decisão de partir para a Austrália, para os EUA, ou para outro país na Europa, na base daquela decisão estará seguramente, o ir à procura de uma nação melhor do que está.

Preocupa-nos que muitas das medidas anunciadas sacrifiquem o desenvolvimento económico, em prol de meras ideias. O Estado da Nação, sendo tão relevante, tem de ser visto com menos ideologias, mais pragmatismo, e de uma forma muito mais real naquilo que é o impacto efetivo do desenvolvimento do nosso País na vida das pessoas. Tenhamos uma certeza: o Estado da Nação não pode ser diferente do estado das pessoas.