Francisco Campilho
Francisco Campilho
Presidente da Comissão Executiva da VICTORIA Seguros

A evolução do setor

18/12/2024

Os dados recentemente publicados referem-se ao mês de outubro, mês em que o índice de produção na construção acelerou 1,6 pontos percentuais, contribuindo assim para um crescimento homólogo de 3,9% (em maio tinha sido registado um valor de 2,0%). O segmento da construção de edifícios manteve uma tendência crescente, com uma variação de 4,9% (2,2% em maio), ao passo que o segmento da engenharia civil registou um crescimento de 2,3% (1,8% em maio). Relativamente aos custos de construção de habitação nova, o aumento continuou a verificar-se. Apesar da continuada quebra do preço dos materiais (-0,1%), que resulta em grande parte da redução dos materiais, o custo da mão de obra continua a aumentar (+4,2%), o que contribuiu para um aumento médio do custo de construção da habitação nova de 4,2% face a outubro de 2023.

Relativamente à avaliação bancária na habitação, de acordo com o inquérito do INE, registou-se um aumento homólogo de 12,0% (6,6% em maio). O valor mediano de avaliação bancária dos apartamentos aumentou 12,9% face a outubro de 2023 (5,4% em maio). Nas moradias, o valor registado foi de 9,7% (9,5% em maio). O número de avaliações bancárias mantém um valor de crescimento homólogo impressionante de 29,9% (40,5% em maio). Nos contratos celebrados nos últimos dez meses, a taxa de juro tem vindo a descer consecutivamente, sendo agora de 3,533% (4,38% em outubro de 2023). No entanto, é pertinente referir que a taxa de juro implícita no conjunto dos contratos de crédito à habitação ainda é de 4,277% (4,556% em maio).

De acordo com os dados do INE, no mercado de arrendamento, a renda mediana dos novos contratos manteve um crescimento de 11,1% no final do segundo trimestre de 2024, superior ao registado no trimestre anterior (10,7%). O número de novos contratos registou um crescimento homólogo de 6,9% (0,9% no primeiro trimestre). Num mercado de habitação reconhecidamente deficitário, o número de fogos licenciados em construções novas aumentou 11,6% no terceiro trimestre (7,8% no segundo trimestre), tendo o número de fogos concluídos diminuído 1,3% após um aumento de 12,3% no trimestre anterior.

Verifica-se, deste modo, que numa conjuntura mais favorável de taxas de juro, como a atual, e com alguns benefícios fiscais, o setor tem respondido com maior dinamismo, mantendo-se, no entanto, as dificuldades já bem conhecidas: a confiança, que só se consegue com a estabilidade do enquadramento legal e regulamentar, e os incentivos corretos e necessários à concretização de investimentos na área da habitação.

Nos próximos meses, farei uma pausa nesta coluna, após quatro anos de presença regular. No entanto, continuarei a acompanhar de perto este setor, que contribui de forma decisiva para o nosso desenvolvimento económico graças à sua resiliência, inovação e dinamismo.