Efetivamente, não obstante o aumento, em cerca de, 20.000 pessoas, verificado nos primeiros nove meses do ano, ao nível do emprego assegurado pelas empresas do setor da construção, revelado recentemente pelo INE, a falta de mão de obra especializada continua a ser identificada, no âmbito do inquérito realizado trimestralmente pela AICCOPN junto das empresas, como o principal constrangimento à atividade. Neste âmbito, importa salientar que esta dificuldade foi assinalada, no final do terceiro trimestre de 2023, por 75% das empresas que trabalham no segmento das obras privadas e por 65% das empresas do segmento das obras públicas.
Acresce que, uma das soluções que parecia ter sido encontrada, para suprir a falta de trabalhadores no setor, estimada em cerca de 8.000, mediante a agilização do recurso à mão de obra de outros países, mais especificamente nos países pertencentes aos PALOP, nos quais as empresas de construção e do imobiliário desenvolvem a sua atividade internacional, ainda não produziu os resultados necessários.
Como temos, reiteradamente, afirmado, a inversão desta tendência de falta de trabalhadores no setor da construção, exige, igualmente, um reforço da ligação do ensino ao mundo empresarial, bem como uma maior conexão entre as reais necessidades das empresas e a oferta formativa, de modo a reduzir os níveis de desemprego e a aumentar o desenvolvimento da atividade económica. Portugal que, no final do mês de setembro, tinha cerca de 300.000 pessoas desempregadas inscritas nos centros de emprego do IEFP, dispõe de centros formação de excelência para o setor, o CICCOPN e o CENFIC, habilitados a formar trabalhadores, quer nas áreas tradicionais, quer com novas qualificações mais tecnológicas e digitais, capazes de responder aos desafios que os novos processos e sistemas construtivos, como a construção modular ou off-site, exigem, designadamente em BIM, impressão 3D ou em realidade aumentada. As empresas do setor da construção e do imobiliário necessitam, assim de soluções eficazes que permitam minimizar os constrangimentos associados à falta profissionais, que afetam severamente a atividade, e que permitam um contributo mais eficaz para a concretização de um País mais produtivo, mais competitivo e mais sustentável.