Carlos Suaréz
Carlos Suaréz
Administrador da VICTORIA Seguros

Faltam pessoas no setor? WorldSkills!

21/12/2022

Pela sua vez, o também economista Robin Hahnel defende que apenas sendo capazes de substituir a economia da competição pela economia da cooperação poderemos garantir uma globalização mais equitativa. Tomando em consideração ambas visões (pois acredito que seja possível todos ganharmos competindo em cooperação), gostaria de endereçar um convite para dar uma espreitadela numa iniciativa que persegue a melhoria contínua por via da adaptação constante às mudanças do entorno. Estou a referir-me à competição global WorldSkills ou, na sua versão portuguesa, Os Campeonatos das Profissões.

A WorldSkills, estabelecida em 1950, conta com 85 associações-membros, abrange 2/3 da população mundial e tem como principal intuito mudar as vidas dos jovens – através da competição centrada nas competências profissionais – dando-lhes a confiança que lhes permita gerar impactos positivos nas suas comunidades e promover o seu progresso económico. Esta organização nasceu no rescaldo da segunda guerra mundial com o propósito de encontrar uma resposta à enorme escassez de mão de obra profissional qualificada, tão necessária para a reconstrução da Europa. Assim, o primeiro “Campeonato das Profissões” celebrou-se em Madrid, colocando em concorrência as juventudes de Portugal e Espanha. Também em Madrid, mas já com jovens da França, Alemanha, Suíça, Reino Unido e Marrocos a juntarem-se à competição, celebrou-se a segunda edição (1953). A partir daí…é história, como se costuma dizer, mas não apenas uma história de competição.

De facto, a organização, hoje, consegue dar resposta ao seu propósito, através dum processo simples: com o pano de fundo dos “Jogos Olímpicos Profissionais”, identifica, ajuda, inspira e incentiva jovens “atletas profissionais” com interesse ou capacidade para, em cooperação, desenvolver as respetivas aptidões num âmbito de ensino e prática profissional. Mais, proporciona o marco ideal para, nas palavras da própria WorldSkills, “criar oportunidades de aprendizagem em contexto real”, quer para os participantes nas competições (nacionais, supranacionais e mundiais) quer para os diferentes atores envolvidos no ensino, a qualificação e a formação profissional. Ou seja, por via da competição e a cooperação, partilha-se conhecimento com terceiros, promove-se o alargamento e melhoria das capacidades próprias, fomenta-se a excelência e, consequentemente, contribui-se para o progresso social e económico das comunidades onde os jovens se encontram inseridos.

E como é que esta competição se relaciona com a fileira da C&I? Bom, das 64 categorias de competências, à volta de um quarto têm a ver com as profissões da construção, agrupadas em dois grandes conjuntos: construção civil e obras públicas e engenharia e tecnologia. Exemplos do primeiro grupo são as profissões de canteiro, marceneiro, estucador ou canalizador. Do segundo conjunto, temos as ocupações de fresador, torneiro, serralheiro ou soldador. Assim, jovens portugueses de entre 17 e 25 anos que se encontram a frequentar ou concluíram um módulo dos referidos conjuntos de profissões contendem com outros jovens doutros países (primeiramente europeus e, ulteriormente, de todo o mundo) para partilhar as suas capacidades individuais. E fazem-no muito bem!

Vejam, se não, o seu desempenho nas últimas três competições. Nos jogos nacionais de 2020 (384 concorrentes de 44 profissões), 19 medalhas em modalidades como eletricidade e instalações, fresagem, marcenaria, refrigeração e ar condicionado, serralharia civil e soldadura. Na competição europeia de 2021 (32 países), duas medalhas de excelência (4º lugar) nas categorias de soldadura e refrigeração e ar condicionado. E até mesmo na WorldSkills global deste ano 2022, os jovens portugueses da fileira C&I brilharam, conseguindo arrecadar uma medalha de prata (vice-campeão mundial) na categoria de refrigeração e ar condicionado e uma de excelência no grupo da soldadura. Tudo isso é obra, motivo de orgulho e merecedor dos nossos parabéns!

Para terminar o olhar sobre a mencionada WorldSkills, deixo aqui umas palavras do seu fundador que me parecem muitíssimo vigentes (quem é que não tem ouvido, nos últimos dois anos que nos faltam 80 mil trabalhadores qualificados na construção?): “É preciso que os pais, treinadores e chefes de empresa se convençam de que um futuro promissor apenas é possível através dum bom treino profissional”.

Se alguém estiver com vontade de presenciar uma competição WorldSkills, o nosso Campeonato Nacional das Profissões realizar-se-á, de 7 a 12 de março, no Portimão Arena.

Vemo-nos lá!