Andrea Violas Ferreira
Andrea Violas Ferreira
Diretora WIRE Portugal, COO do Grupo Violas Ferreira

O futuro do mercado de escritórios

25/10/2023

A captação e retenção de talentos é um dos fatores que mais preocupa as empresas, as quais suportam custos elevados com a formação dos mesmos. O regresso ao trabalho presencial, ao local do trabalho, passou a ser um desafio e com este desafio vem também o repensar no modelo de espaço de escritório.

E como podem estas captar e reter talentos? Entendendo o que estes talentos procuram e necessitam. A mudança de estilo de vida, a estratégia de ESG e os objetivos de work-life balance dos jovens de hoje, veio colocar em cima da mesa necessidades que outrora não se previam nos espaços de escritórios.

Os jovens procuram cada vez mais empresas que ofereçam espaços de qualidade, localização, experiências diferenciadoras, novos desafios que ganhem destaque na oferta do que será o seu “emprego”. Assim as condições salariais já não são o único aspeto que avaliam, o “look and feel” dos espaços de trabalho ganha destaque na escolha final.

A Estratégica da Empresa e a Liderança, bem como os temas sensíveis da Sustentabilidade e Responsabilidade Social são também fatores com os quais os colaboradores se identificam, e se alinham com a visão e missão da empresa.

Assim um posto de trabalho já não é encarado da mesma forma, espaços revolucionam-se para se tornarem atrativos, áreas aumentam para outras funções diversas, meeting rooms são cada vez mais necessárias para team calls, e as empresas investem em soluções de qualidade e princípios/valores sustentáveis. O espaço passa a ter de ser confortável, sociável e divertido, para ser atrativo e valorizado pelos seus utilizadores. Conseguir atingir o work-life balance dentro do local de trabalho é um objetivo que muitas empresas.

Os promotores, por sua vez, necessitam de acompanhar a procura por estas soluções de qualidade e investir na construção ou reabilitação de edifícios que respondam ainda às necessidades e a requisitos de ESG. Os standards no imobiliário já demonstraram ter um impacto significativo na valorização do imóvel e na repercussão económico-social que esta implementação veio trazer. O ESG vai para além do Real Estate, além de edifícios eco-friendly, também avalia o impacto do edifício na comunidade, na cidade, no colaborador.

Os promotores necessitam de reinventar o seu modelo de investimento para ir de encontro às necessidades dos utilizadores e da comunidade local, mas sem perder o foco na rentabilidade. O Investimento é mais do que o valor intrínseco do edifício, é também o Investimento no planeta, na cidade, na comunidade, no colaborador. A rentabilidade é cada vez mais depende da diferenciação do produto.

O mercado emergente do Porto, aquele que melhor conheço, ganha destaque na localização favorável, rodeado de Universidades que formam os talentos que as empresas pretendem atrair. Estes talentos que vão satisfazer a procura das empresas em trabalho qualificado.

A aposta conjunta e coordenada com o Município do Porto e restantes entidades locais, bem como outras áreas de atividade, nomeadamente habitação, hotelaria, restauração, entre outras, é um fator fundamental para o crescimento e consolidação do mercado de escritórios em qualquer cidade.

O Porto continua a atrair cada vez mais empresas e jovens, que procuram o equilíbrio entre trabalho e lazer, com um custo de vida ainda muito aceitável em relação à maioria das cidades europeias.

Voltando à frase inicial de Gandhi, os Promotores que queiram investir no desenvolvimento dos escritórios do futuro necessitam pensar à frente das necessidades dos futuros ocupantes, porque as empresas suas clientes são intrinsecamente dependentes dos seus colaboradores e estes são os verdadeiros motores de crescimento das empresas.