O primeiro fator a ter em conta, é que o desenvolvimento económico é essencial para o nosso País. Só com desenvolvimento económico conseguiremos ter melhores salários, melhor saúde, melhor educação, proteção social, segurança, entre tantos aspetos imprescindíveis à vida de todos. O segundo dado, que um dos vetores em se concentra uma parte relevante desse crescimento económico é no imobiliário, pelo simples facto de que, no seu todo, representa hoje 20% do PIB nacional. E um terceiro a que devemos atentar, e que nos lembra que o desenvolvimento económico associado ao imobiliário pode estar, na verdade, a criar exclusão. Assim, é imperativo e necessário conciliar estes aspetos, e não pensar que é retraindo a Economia que as pessoas vão conseguir ter acesso a mais casas. Isto é a antítese da solução do problema.
A região autónoma da Madeira, por exemplo, permite-nos ter uma noção desta realidade. Dá-nos uma ideia, quase como uma maqueta real, do que é importante e do que é o mercado imobiliário. Porque é que o Governo da Madeira está tão desapontado com o fim dos vistos Gold? Porque entende que o investimento estrangeiro naquele espaço é crítico para que consiga ter os recursos financeiros adequados para auxiliar a população que não pode ficar excluída. Da mesma forma, é uma maqueta fantástica pela sua dimensão, até porque tal como acontece no resto do país, também a Madeira não produz tudo o que será necessário para a construção de uma casa. Quem assegura o transporte dos tijolos, telhas do telhado, dos vidros da janela? E no caso do Alojamento Local, de onde vêm os produtos e serviços para que aquele alojamento seja possível enquanto instrumento turístico? É nesta mancha económica associada ao imobiliário que precisamos de nos focar, porque para uma casa existir, foram remuneradas centenas de pessoas que participaram nesse processo, às vezes em áreas tão distintas que é difícil percecionar.
As transações imobiliárias, acima de tudo, fazem parte de uma cadeia económica, com tal relevância que representa mais de 20% da riqueza nacional. O mercado imobiliário não pode ser caracterizado por um processo onde existe um comprador com recursos financeiros, seguido de um proprietário de um imóvel, e dá-se a transação, como se tudo tivesse início e fim nesse instante. 34 mil milhões de euros, o valor transacionado no setor residencial em 2022, foi a verba distribuída por milhares e milhares de contribuintes portugueses envolvidos nessa cadência.
Por isso, reitero a urgência de olhar para o tema da habitação com menos ideologia, e mais pragmatismo e racionalidade. E todos temos de perceber que, quanto mais recursos o nosso país tiver como resultado do crescimento económico, mais recursos terá para apoiar aqueles que realmente precisam de ser apoiados.