Paulo Caiado
Paulo Caiado
Presidente da Direção Nacional da APEMIP

O imobiliário não poderá ficar refém dos portais

03/11/2021

Este tipo de desfecho previsível também aconteceu nos Estados Unidos, no âmbito da atividade imobiliária e da sua relação com os portais imobiliários, onde há cerca de uma década se destacou um determinado portal imobiliário, porque tinha a capacidade de gerar muitos contactos (leads).

Na América, o mercado imobiliário, durante muitos anos forneceu dados e informações aquele que era o fantástico facilitador da divulgação de imóveis na internet e que também gerava mais contactos de clientes interessados. Acontece que – sem se saber bem porquê – um dia “virou o dente”. Hoje é talvez a entidade que transaciona mais imóveis no mundo.

Em Portugal, felizmente temos a sorte de conhecer atempadamente estes episódios de modo a podermos atuar de forma equilibrada e sem “feras” por perto.

A realidade é que quando alguém está a vender determinado T2 em Kathmandu no Nepal, e essa informação passa a estar disponível na internet, qualquer pesquisa num dos “motores” de busca que habitualmente utilizamos nos leva lá.

Caso exista alguém interessado nesse T2, vai comprá-lo, independentemente da performance do portal imobiliário utilizado “lá na terra”.

Talvez seja hora de todo o setor imobiliário sacrificar um pouco o recurso a determinadas plataformas tecnológicas, achando que são a ideal geração de contactos.

Não há motivo para que todo um setor concentre informação e fabrique soluções que amanhã poderão ser utilizadas em atividade claramente concorrente.

Está para muito breve o relançamento do portal imobiliário das empresas imobiliárias. Um portal imobiliário que reduza a dependência estratégica que se tem acentuado ao longo dos anos. A diversidade de soluções é fundamental e não podemos ficar reféns de nenhum tipo de plataforma ou gerador de “leads”.

As pessoas interessam-se pelos imóveis que comercializamos e jamais deixarão de o fazer. Não podemos continuar a alimentar o tigre…