Manuel Reis Campos
Manuel Reis Campos
Presidente da CPCI e da AICCOPN

Investir e preparar o futuro “pós-covid”

11/11/2020

Porém, é precisamente este o momento para unir esforços e procurar os caminhos que nos permitam mais rapidamente, recuperar a economia e o emprego e colocar o País numa rota de desenvolvimento sustentado.

As últimas previsões da Comissão Europeia, são um bom exemplo. Naturalmente que, uma previsão de queda do PIB de 9,3%, não é um elemento positivo. Mas, ao mesmo tempo que prevê a quarta maior queda da zona Euro, a Comissão destaca o comportamento do investimento em construção, estimando agora um crescimento de 2,9%, quando, anteriormente, previa 0,6%. De igual modo, os dados relativos à evolução do emprego no Setor no 3º trimestre deste ano, apontam para a criação líquida de 19.542 postos de trabalho, o que não deixa de ser assinalável na presente conjuntura.

A resiliência do investimento privado, sobretudo no mercado imobiliário, está a apresentar resultados concretos que são muito significativos no momento que estamos a atravessar. É preciso que o poder político reconheça este esforço e, sobretudo, que não se coloque em causa o posicionamento competitivo, à escala internacional, que foi possível alcançar. Anunciar alterações ao Programa dos Vistos Gold que podem representar o afastamento dos investidores estrangeiros ou manter impostos excessivos sobre o imobiliário, como o AIMI ou a tributação dos stocks de casas detidas pelas empresas do setor, não faz qualquer sentido.

Por outro lado, o investimento público e os recentes desenvolvimentos, tanto ao nível do Plano de Recuperação e Resiliência, como do Plano Nacional de Investimentos – PNI 2030, apresentados pelo Governo, dão sinais positivos e demonstram que é possível apoiar a recuperação económica, ao mesmo tempo que se concretizam projetos essenciais para o País. O financiamento europeu é essencial para acelerar a retoma e orientar Portugal para modelos de desenvolvimento mais sustentáveis e inclusivos, contemplando dimensões essenciais como o acesso à habitação, a construção e melhoria dos equipamentos de saúde, a conetividade, a coesão territorial, entre outros. No entanto, também aqui é necessário, como temos afirmado, assegurar o posicionamento competitivo das empresas nacionais, tendo bastante presente um tecido empresarial que composto por empresas de diferentes dimensões e especialidades.

Vivemos tempos difíceis, mas, tal como está a ser demonstrado pelo Setor da Construção e Imobiliário, é possível e necessário pensar para além dos problemas atuais e preparar um futuro “pós-covid” do qual estamos cada vez mais próximos.